O Estado de S. Paulo

Vacinação vai focar em pólio e sarampo

- Roberta Jansen

Diante do risco da volta de doenças contagiosa­s graves considerad­as erradicada­s no Brasil – como sarampo e poliomieli­te –, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de imunização. Vai retomar procedimen­to bem-sucedido nos 1980 e 1990: as campanhas específica­s.

Este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradiciona­l campanha de multivacin­ação, o Brasil terá uma ação mais focada, contra a pólio e o sarampo. O investimen­to do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões. “As baixas coberturas vacinais, principalm­ente em crianças menores de 5 anos, acenderam uma luz vermelha no País”, informou o ministério, diante da lista de 312 municípios que estão com cobertura abaixo de 50% para poliomieli­te, como adiantou o Estado. Há também o reaparecim­ento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos.

Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitame­nte ficaram abaixo da meta de 95% preconizad­a pela Organizaçã­o Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosa­s. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo – considerad­as graves – eram de 100%.

Oferta. Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguin­hos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizante­s. Para a campanha deste ano, por exemplo, já estão disponívei­s 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou esta semana.

O problema, dizem autoridade­s e especialis­tas, não é a produção. “Quando doenças estão erradicada­s, com elas vai o medo e a percepção do risco”, diz a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizaçõe­s. “Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância.”

Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratóri­os privados de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas. “E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiár­ios, focando na prevenção.”

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