HC foi ‘chicana canhestra’, diz procurador
Responsável por processos da Lava Jato em 2ª instância, Maurício Gerum critica decisão de juiz plantonista
Responsável pela acusação no julgamento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão, no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), o procurador regional da República Maurício Gotardo Gerum classificou como “chicana” (jargão do meio jurídico usado para manobras em um processo) a estratégia de três deputados do PT de pedir a liberdade do ex-presidente no plantão do tribunal.
“A impressão que tive foi a de que a impetração do habeas pelos parlamentares-advogados na sexta-feira à noite foi a chicana mais canhestra e acintosa que eu já presenciei nos meus anos de profissão”, afirmou ele, em relação ao pedido dos petistas Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira.
Com mais de 20 anos de Ministério Público, Gerum é um dos seis integrantes da força-tarefa criada para os processos da Lava Jato na segunda instância. O procurador está de férias, mas acompanhou a decisão do desembargador plantonista Rogério Favreto de mandar soltar Lula no domingo. A ordem acabou revisada no mesmo dia pelo presidente do Tribunal, Carlos Eduardo Thompson Flores.
Favreto não comentou o caso. Pimenta disse que o Ministério Público “tenta intimidar atacando os autores do HC e o desembargador que atuou dentro da lei”. Teixeira e Damous não responderam ao Estado ontem. Anteontem, na Câmara, Damous criticou o MPF, ao comentar a decisão da procuradora-geral da República de pedir investigação de Favreto.