O Estado de S. Paulo

Meninos foram presos em macas durante resgate

Segundo novos detalhes da operação, garotos tailandese­s foram sedados para evitar ansiedade e monitorado­s por médicos no trajeto

- BANGCOC / W. POST e AP

A Marinha da Tailândia divulgou ontem novas imagens do interior do complexo de cavernas de Tham Luang, no norte do país, onde 12 garotos e seu treinador de futebol ficaram presos por 17 dias. As imagens revelam mais detalhes sobre o resgate que chamou a atenção do mundo.

Um ex-membro da elite da Marinha tailandesa confirmou que os 12 garotos estavam parcialmen­te sedados durante o resgate – como se especulava anteriorme­nte –, equipados com máscaras faciais e foram carregados pelos mergulhado­res amarrados em macas. Durante todo o tempo, médicos monitorava­m a condição dos meninos.

O comandante da Marinha, Apakorn Youkongkae, afirmou que foi o treinador Ekaphol Chantawong quem determinou a ordem em que os meninos deveriam ser retirados. No início do vídeo de sete minutos, dois mergulhado­res são vistos ajustando seus equipament­os de pé, com água na altura do peito. Iluminados por vários feixes de luz branca, os homens submergem na água e agarram uma linha de metal, utilizada para guiá-los através dos canais sinuosos da caverna de 16 km.

Cada uma das viagens de ida e volta levou entre 9 e 11 horas, e 18 mergulhado­res participar­am da operação. Para nadar pelos túneis inundados, que podiam chegar a ter passagens de até 40 centímetro­s, um mergulhado­r segurava a parte dianteira da maca, com o tanque de oxigênio da criança, enquanto o segundo mergulhado­r segurava a outra extremidad­e da maca.

O vídeo não tem imagens dos mergulhado­res na água com os garotos, mas mostra uma equipe utilizando polias, cordas e tubos de borracha para puxar uma maca verde, em formato de caiaque, por uma fenda apertada. Quando a caverna começa a se abrir em direção à entrada, dezenas de socorrista­s são vistos agachando-se para ajudar a carregar a maca. Um dos garotos é visto com um cobertor térmico.

Ainda há incerteza sobre o grau de sedação dos garotos durante o resgate. Segundo um dos mergulhado­res, os meninos estavam “grogues”, mas respirando quando foram retirados. Já uma reportagem da BBC afirmou que, segundo mergulhado­res, os meninos estavam “fortemente sedados para evitar ansiedade”. No vídeo, o garoto na maca fecha os olhos, mas parece consciente, e levanta a mão direita enquanto os socorrista­s se juntam ao seu redor.

Apesar de terem passado nove dias sem comida e mais de duas semanas dentro da caverna, o estado de saúde das crianças é bom. Em imagens divulgadas pelo hospital de Chiang Rai, onde estão internados, os garotos aparentam estar saudáveis.

Segundo os médicos, um dos meninos apresentav­a batimentos cardíacos muito lentos quando chegou ao hospital e outros tinham contagens baixas de glóbulos brancos, mas já melhoraram. É esperado que os garotos recebam alta sete dias depois de darem entrada no hospital, a menos que surjam complicaçõ­es.

Cidadania. A Tailândia está consideran­do conceder cidadania ao treinador e aos três membros apátridas da equipe de futebol, de acordo com o jornal britânico The Guardian. Os jogadores Pornchai Kamluang, Adul Sam-on e Mongkhol Boonpiam, além de seu treinador, membro da minoria tai lue, cujos membros não são considerad­os cidadãos sob a lei tailandesa, esperam conseguir desfrutar dos mesmos direitos que seus colegas.

Os três garotos têm documentos de identidade da Tailândia, o que lhes garante alguns direitos básicos, mas o treinador não tem status legal. Segundo o Guardian, o Ministério do Interior informou estar trabalhand­o para oferecer a cidadania para os quatro, mas não há uma previsão de quando o processo será concluído.

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THAI NAVY SEAL /EFE Na maca. Membros da equipe de resgate retiram garoto de caverna na Tailândia

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