O Estado de S. Paulo

Brasileiro­s riem da eterna crise da Argentina. E a França cresce

- COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’ E COMENTARIS­TA DA ESPN MAURO CEZAR PEREIRA

AFrança é finalista da Copa pela terceira vez em duas décadas – venceu em 1998, perdeu em 2006 e domingo fará mais uma final. Antes, em 68 anos e 15 Mundiais, os franceses nem sequer haviam alcançado a última partida do certame. No período recente, o Brasil marcou presença em duas pelejas decisivas, a que perdeu para os próprios gauleses, há 20 anos, e o último título, no já um tanto quanto distante ano de 2002. Trata-se de uma clara mudança no cenário do futebol entre seleções nacionais. Um mero coadjuvant­e que, antes de sediar um Mundial, não tinha ido além de dois terceiros lugares separados por 28 anos (1958 e 1986), se intromete pra valer na luta pela hegemonia. A França deixa para trás Argentina, que, embora seja a atual vice-campeã, não ergue o troféu há 32 anos; e Itália, que nem sequer foi à Rússia. E também ameaça os brasileiro­s.

O time francês enviado a essa Copa tem um meio-campo superior ao do Brasil (especialme­nte por Pogba e Kanté). Conta com um atacante (Mbappé) que no torneio é melhor do que seu colega de PSG e craque brazuca, Neymar. Tem uma defesa mais eficiente, um goleiro (Lloris) que consegue fazer a diferença como Alisson não foi capaz... Sim, senhoras e senhores, individual e coletivame­nte, a França é melhor do que o time da CBF. E não há como tratar tal constataçã­o como fato isolado, pelo histórico recente, que mostra os Bleu Blanc Rouge mais competitiv­os do que os canarinhos, com retrospect­o mais interessan­te e atletas de primeiro nível.

Vale lembrar que, antes de Neymar se tornar o jogador de futebol mais caro do planeta, Pogba detinha tal status. E Mbappé ameaça romper abarreirad­os 222 milhões de eu rosque o PS G pagou ao Barcelona para ter o ex-santista.

O sistema defensivo brasileiro era elogiado. Apresentav­a números animadores enquanto era desafiado por rivais do naipe de Suíça, Costa Rica, Sérvia e México. Mas não resistiu à qualidade dos belgas, algozes do Brasil, e superada pelos franceses, que sustentara­m avantagem, como haviam feito ante os uruguaios na fase anterior. A Copa mostrou que a defesa boa não era aformada por Ti te, masa de Deschamps.

Na frente, esperava-se que Neymar fizesse a diferença, algo que não se confirmou. Quem assumiu tal protagonis­mo foi Mbappé, que só completará 20 anos em 20 de dezembro. Sim, ele nasceu 161 dias após Zidane (duas vezes) e Emmanuel Petit marcarem contra o Brasil (3 a 0) no Stade de France, em Saint-Denis. Lá, Les

Bleus atropelara­m o time dirigido por Zagallo com seus quatro títulos mundiais.

Em 12 de julho de 1998( ontem afinal da Copa daquele ano completou 20 anos), a França tatuou sua bandeira na galeria de campeões. Como a secular rival Inglaterra fizera 32 anos antes, também em casa. Mas, ao contrário dos britânicos, os franceses resolveram frequentar o clube dos protagonis­tas. Ainda estão longe dos cinco títulos do Brasil, mas incomodam, levando a melhor nos duelos diretos mais vivos na memória, em 1986,1998 e 2006. Enquanto brasileiro­s riem das derrotas da eternament­e em crise Argentina, um rival geografica­mente mais distante teima em se meter no melhor momento da festa. E, nos últimos anos, tem sido mais assíduo do que os cinco vezes campeões mundiais. Domingo, pode igualar o número de títulos dos herma nos. Cuidado coma França, que há 32 ano sé a pedrinha na chuteira verde-amarela. E parece disposta a incomodar mais e mais.

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