Inflação e renda preocupam o consumidor
A confiança dos consumidores piorou acentuadamente entre os meses de maio e junho, segundo o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). É um mau sinal para toda a economia, pois a deterioração das expectativas afeta a disposição de consumir e de investir.
O Inec acusou queda de 3,8% entre maio e junho e atingiu 98,3 pontos, abaixo da linha de corte de 100 pontos que separa os campos positivo e negativo. Foi a menor pontuação desde abril de 2016, quando registrou 97,5 pontos. O nível do Inec, além disso, é 8,8% inferior à média histórica de 107,8 pontos.
Os 2 mil consumidores consultados pela CNI entre os dias 21 e 24 de junho se declararam temerosos quanto à evolução dos principais indicadores que definem a disposição de compra, como se vê a seguir.
As expectativas de inflação caíram 10,1% entre maio e junho. E como as quedas no Inec significam piora, houve um agravamento das expectativas após a greve dos transportadores. A greve provocou escassez de inúmeros itens, da alimentação aos derivados de petróleo e produtos industriais, e foi seguida de remarcação de preços.
Foi generalizado o aumento dos índices de preços, do IPCA calculado pelo IBGE que alcançou 1,26% em junho, maior porcentual para o mês desde 1995, ao IPC-C1 da FGV, que abrange famílias com renda de até 2,5 salários mínimos mensais e que registrou alta de 1,52%.
As expectativas de desemprego caíram 8,4% no mês. Quanto à renda pessoal, o porcentual negativo foi de 4,4%. Também pioraram as expectativas quanto ao endividamento e à situação financeira. O único item positivo foi o de expectativas de aquisição de bens de maior valor, que cresceu 2% entre maio e junho.
Cabe notar que nem todos os indicadores foram tão ruins quanto os da CNI. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, mostrou queda do porcentual de famílias com dívidas e redução da proporção das famílias com dívidas em atraso.
Em junho, aumentaram os temores quanto à economia e ao consumo. O risco é de as preocupações não se dissiparem até a definição do quadro eleitoral. E não se sabe como o futuro governo enfrentará o problema fiscal.