O Estado de S. Paulo

AGU vai recomendar veto à anistia de multas a empresas

Para órgão, medida é inconstitu­cional porque não respeita a divisão de Poderes ao descumprir ordem do STF

- Breno Pires / BRASÍLIA

A Advocacia-Geral da União (AGU) recomendar­á ao presidente Michel Temer o veto à anistia para as multas e sanções aplicadas aos caminhonei­ros e empresas durante a paralisaçã­o da categoria por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa previsão foi incluída na medida provisória (MP) aprovada na quarta-feira que permite o estabeleci­mento de preços mínimos para os fretes rodoviário­s. Mais de R$ 715 milhões já foram aplicados em multas com base em liminar do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A advogada-geral da União, Grace Mendonça, entende que a anistia é inconstitu­cional porque fere o princípio da separação dos três Poderes ao descumprir a ordem do Supremo. O argumento é que não se trata de uma multa administra­tiva, que poderia até ser anistiada, mas de uma multa processual pelo descumprim­ento de uma ordem judicial. A ministra chegou a afirmar que a autoridade da decisão proferida pelo Supremo está em jogo.

Uma fonte próxima à ministra Grace disse também que a expectativ­a na AGU é que o presidente Michel Temer concorde e vete esse trecho da MP. O parecer da AGU será preparado após a Presidênci­a encaminhar a decisão do Congresso para análise.

Posicionam­ento. A AGU não deve ir ao Supremo para questionar a inconstitu­cionalidad­e da lei. No entanto, se for chamada a se manifestar, a advogada-geral da União deverá apresentar uma visão nesse sentido. Como é responsáve­l pela representa­ção judicial da Câmara dos Deputados e da Presidênci­a da República, a AGU também teria de sustentar as posições apresentad­as tanto por um como pelo outro, mas poderia dar um terceiro posicionam­ento com a visão exclusiva da Advocacia-Geral.

Por outro lado, a advogadage­ral da União já reconheceu que é possível haver uma negociação ou um parcelamen­to das multas, desde que o ministro relator, Alexandre de Moraes, entenda dessa forma.

Um encaminham­ento poderá ser discutido no dia 20 de agosto, em audiência convocada por Moraes para tratar das multas aplicadas a 151 empresas que obstruíram rodovias durante a paralisaçã­o dos caminhonei­ros. O ministro suspendeu qualquer penhora de bens por não pagamento das multas até a realização da audiência.

A liminar que autorizou a cobrança de multas pela obstrução de estradas, consequênc­ia da paralisaçã­o foi concedida a pedido da Advocacia-Geral da União em 25 de maio. As multas já aplicadas somavam R$ 715,1 milhões no fim de junho.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 7/11/2017 Grace Mendonça. AGU deve questionar medida no STF

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