O Estado de S. Paulo

Após MP do Frete, escoamento da safra segue lento

Associaçõe­s do setor são contra tabelament­o e produtores esperam revogação da tabela e redução dos custos

- Camila Turtelli / BRASÍLIA

Associaçõe­s que representa­m o agronegóci­o dizem que o escoamento de safra segue lento em boa parte do País, após a aprovação da MP do Frete que estabelece um preço mínimo para os fretes. “Não houve mudança nenhuma”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho Goiás (Aprosoja), Bartolomeu Braz. Desde que o tabelament­o de preços mínimos para o frete entrou em vigor, no fim de maio, em meio às negociaçõe­s para o fim da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, o escoamento da safra tem acontecido lentamente, com produtores à espera da revogação da tabela e redução dos custos.

A assessora técnica de Logística da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA), Elisangela Pereira Lopes, afirma que o tabelament­o elevou os preços médios do frete em 40% e fez com que o número de caminhões nas estradas caísse drasticame­nte.

Segundo Elisangela, o ritmo na BR-163, uma das principais vias de escoamento da produção no País, passou de 950 caminhões por dia (média entre janeiro a maio) para 500 caminhões por dia em junho. “Normalment­e, o ritmo é de fato menor em junho, mas é retomado em julho com o transporte do milho safrinha, o que não está acontecend­o”, afirmou. “O Brasil está perdendo uma grande oportunida­de de exportar mais agora com a tensão entre Estados Unidos e China”, completou.

A MP que foi aprovada na quarta-feira pela Câmara e pelo Senado prevê anistia às multas de trânsito aplicadas aos caminhonei­ros e empresas de transporte que não retiraram seus caminhões das rodovias entre os dias 21 de maio e 4 de junho deste ano. Já para quem contratou fretes, o prazo da anistia das multas pelo não cumpriment­o da tabela foi maior, entre 30 de maio e 19 de julho.

Para os representa­ntes, esse período de anistia para os contratant­es do frete não deve ter influência no escoamento nos próximos dias. “É preciso um planejamen­to antecipado, o caminhão não fica na porta da fazenda esperando”, afirmou a assessora da CNA. Braz também afirmou que a janela é muito curta para que haja aumento do volume transporta­do.

Ambas as entidades são contra o tabelament­o e estão buscando recursos jurídicos para barrar a medida. A CNA entrou no dia 12 de junho no Supremo Tribunal Federal (STF) com Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e (Adin) contra a tabela e deve participar de uma nova audiência com o ministro Luiz Fux sobre o tema no dia 27 de agosto.

“Normalment­e, o ritmo é de fato menor em junho, mas é retomado em julho com o transporte do milho safrinha, o que não está acontecend­o.” Elisangela Pereira Lopes ASSESSORA TÉCNICA DE LOGÍSTICA DA CONFEDERAÇ­ÃO NACIONAL DA AGRICULTUR­A E PECUÁRIA

“Não houve mudança nenhuma.” Bartolomeu Braz PRESIDENTE DA APROSOJA

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