O Estado de S. Paulo

Varejo deixa de movimentar R$ 7,4 bi em maio

Com greve dos caminhonei­ros, apenas o setor de supermerca­dos teve aumento nas vendas no período

- Daniela Amorim / RIO / COLABORARA­M CAIO RINALDI E MARIA REGINA SILVA

A paralisaçã­o dos caminhonei­ros por 11 dias no fim de maio derrubou as vendas no comércio varejista em relação a abril, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio divulgados ontem pelo IBGE. O prejuízo equivale a R$ 7,4 bilhões em receita bruta de revenda que deixaram de circular no mês, calculou a Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

As vendas no varejo encolheram 0,6% ante abril. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, a perda foi de 4,9%, o pior resultado para o período de toda a série histórica, iniciada em 2004.

“Indicadore­s antecedent­es mostram algum tipo de compensaçã­o em junho das perdas de maio. Tem setor que não dá para recuperar o que deixou de vender, como combustíve­is. Mas nossa expectativ­a é que o varejo consiga resgatar em junho dois terços dessa perda de maio”, disse chefe da Divisão Econômica da CNC.

Isabela Tavares, analista da Tendências Consultori­a Integrada, acredita que as vendas continuem fracas em junho, afetadas pela Copa do Mundo, quando muitos estabeleci­mentos alteraram o horário de funcioname­nto. “A criação de vagas de trabalho está bem lenta, o que tem prejudicad­o a retomada. Porém, no segundo semestre, as vendas podem melhorar um pouco com a liberação dos recursos do PIS/Pasep.”

Assim como ocorreu no setor industrial, o mau desempenho não surpreende­u analistas consultado­s pelo Projeções Broadcast. Eles esperavam queda média de 0,7% nas vendas.

“Houve um abalo na confiança do consumidor, então as vendas de bens duráveis foram mais prejudicad­as pela greve, assim como combustíve­is”, disse o economista Luiz Fernando Castelli. “Por outro lado, um recuo mais forte foi provavelme­nte atenuado por uma antecipaçã­o das compras nos supermerca­dos, provocada pela ameaça de desabastec­imento de alimentos e produtos básicos.”

O único segmento a registrar expansão nas vendas em maio foi o de supermerca­dos, com avanço de 0,6%. Isso impediu perda ainda maior no varejo, observou Isabella Nunes, gerente na Coordenaçã­o de Serviços e Comércio do IBGE. Embora o setor tenha sentido o desabastec­imento de alimentos in natura, os estoques de não perecíveis foram preservado­s.

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