Varejo deixa de movimentar R$ 7,4 bi em maio
Com greve dos caminhoneiros, apenas o setor de supermercados teve aumento nas vendas no período
A paralisação dos caminhoneiros por 11 dias no fim de maio derrubou as vendas no comércio varejista em relação a abril, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio divulgados ontem pelo IBGE. O prejuízo equivale a R$ 7,4 bilhões em receita bruta de revenda que deixaram de circular no mês, calculou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
As vendas no varejo encolheram 0,6% ante abril. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, a perda foi de 4,9%, o pior resultado para o período de toda a série histórica, iniciada em 2004.
“Indicadores antecedentes mostram algum tipo de compensação em junho das perdas de maio. Tem setor que não dá para recuperar o que deixou de vender, como combustíveis. Mas nossa expectativa é que o varejo consiga resgatar em junho dois terços dessa perda de maio”, disse chefe da Divisão Econômica da CNC.
Isabela Tavares, analista da Tendências Consultoria Integrada, acredita que as vendas continuem fracas em junho, afetadas pela Copa do Mundo, quando muitos estabelecimentos alteraram o horário de funcionamento. “A criação de vagas de trabalho está bem lenta, o que tem prejudicado a retomada. Porém, no segundo semestre, as vendas podem melhorar um pouco com a liberação dos recursos do PIS/Pasep.”
Assim como ocorreu no setor industrial, o mau desempenho não surpreendeu analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Eles esperavam queda média de 0,7% nas vendas.
“Houve um abalo na confiança do consumidor, então as vendas de bens duráveis foram mais prejudicadas pela greve, assim como combustíveis”, disse o economista Luiz Fernando Castelli. “Por outro lado, um recuo mais forte foi provavelmente atenuado por uma antecipação das compras nos supermercados, provocada pela ameaça de desabastecimento de alimentos e produtos básicos.”
O único segmento a registrar expansão nas vendas em maio foi o de supermercados, com avanço de 0,6%. Isso impediu perda ainda maior no varejo, observou Isabella Nunes, gerente na Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Embora o setor tenha sentido o desabastecimento de alimentos in natura, os estoques de não perecíveis foram preservados.