O Estado de S. Paulo

Casa de Dirceu em SP é vendida em leilão

Comprador de São Bernardo arremata imóvel de 200 m² de ex-ministro por R$ 465,1 mil

- Luiz Vassallo

Uma casa na zona sul de São Paulo foi o único imóvel arrematado em leilão dos três pertencent­es ao exministro José Dirceu postos à venda. Os bens estão sendo negociados para restituir prejuízos com desvios na Petrobrás.

De três imóveis atribuídos ao ex-ministro José Dirceu colocados ontem em leilão judicial, apenas um foi arrematado. Trata-se de uma casa no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo, adquirida por comprador identifica­do como “Jorge 1960”, de São Bernardo do Campo (região metropolit­ana de São Paulo).

Pelo imóvel de 200 metros quadrados, ele vai pagar R$ 465,1 mil, pouco mais da metade do valor de avaliação – R$ 750 mil. O comprador terá de arcar ainda com R$ 23 mil da comissão do leiloeiro e com débitos pendentes referentes ao consumo de água e energia da casa.

Os bens de Dirceu foram a leilão por determinaç­ão do juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, para restituir prejuízos com o desvio de recursos de contratos da Petrobrás. Dirceu foi condenado duas vezes na Lava Jato. Numa das ações, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) aumentou a pena estabeleci­da por Moro de 20 anos e 10 meses para 30 anos e 9 meses de prisão. Na segunda condenação, ainda não revista pelo TRF-4, a pena foi de 11 anos e 8 meses.

A venda ocorreu por meio da plataforma de leilões judiciais online Canal Judicial. Ficaram sem comprador uma casa em Vinhedo (interior paulista), com 2,3 mil metros

quadrados e R$ 900 mil de preço, e a ex-sede da JD Assessoria, empresa de consultori­a do exministro, com 501 metros quadrados e avaliada em R$ 3 milhões. Esses valores já haviam sido reduzidos em 50% em relação a leilão feito em abril, que terminou sem comprador.

Débitos. De acordo com o Canal Judicial, a casa no bairro da Saúde “atualmente encontrase desocupada e sobre a mesma há débitos pendentes de pagamento junto à Sabesp referentes ao fornecimen­to de água, no valor de R$ 581,88, e R$ 493,90 referentes ao fornecimen­to de energia elétrica pendentes de pagamento junto à Eletropaul­o, totalizand­o R$ 1.075,78 atualizado­s até março de 2018”.

Ao mandar alienar os bens, em janeiro, Moro afirmou que nenhum dos imóveis era utilizado como moradia por Dirceu. De acordo com o juiz da Operação Lava Jato, havia “inequívoco risco de esvaziamen­to do confisco”. “O condenado (José Dirceu) mostrou que não tem condições ou não quer permanecer com os imóveis, já que não está pagando as parcelas do financiame­nto ou o IPTU ou o condomínio. Não se pode admitir o esvaziamen­to do confisco, meio para recuperaçã­o do produto de crime de corrupção, pela omissão do condenado”, escreveu Moro na sua decisão.

Procurada ontem para comentar o confisco e o leilão dos bens, a defesa de Dirceu não se manifestou até a conclusão desta edição.

 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO ?? 1. 1. Imóvel que abrigou empresa do ex-ministro, em São Paulo;
FELIPE RAU/ESTADÃO 1. 1. Imóvel que abrigou empresa do ex-ministro, em São Paulo;
 ?? CANAL JUDICIAL ?? 2.2. Residência no bairro da Saúde que foi vendida;
CANAL JUDICIAL 2.2. Residência no bairro da Saúde que foi vendida;
 ?? CANAL JUDICIAL ?? 3. Casa em Vinhedo, no interior paulista 3.
CANAL JUDICIAL 3. Casa em Vinhedo, no interior paulista 3.

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