O Estado de S. Paulo

Cai liminar que travava Internet para Todos

STF derrubou decisão que suspendia contrato da Telebrás com empresa americana em satélite brasileiro, permitindo retomada do programa

- Anne Warth / BRASÍLIA Mariana Lima / SÃO PAULO

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, derrubou ontem uma liminar da Justiça Federal do Amazonas que suspendia a parceria da Telebrás com a empresa americana Viasat para exploração do Satélite Geoestacio­nário de Defesa e Comunicaçõ­es Estratégic­as (SGDC). Em função da liminar, vários programas de banda larga com o uso do satélite brasileiro, entre eles o “Internet para Todos”, estavam parados desde abril.

O contrato foi suspenso em março por uma liminar dada pela Justiça do Amazonas, a pedido da Via Direta Telecomuni­cações e Internet, e pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1), a pedido do Sindicato Nacional de Empresas de Telecomuni­cações por Satélite (Sindisat).

O satélite brasileiro foi lançado em órbita no dia 4 de maio de 2017 com investimen­tos de R$ 2,8 bilhões. Ele tem duas bandas: uma é de uso exclusivo militar, já em operação; outra de uso civil, para internet via satélite. Ele está em funcioname­nto desde janeiro deste ano, mas é preciso construir antenas e infraestru­tura em terra para fornecer sinal a milhares de localidade­s no País, como escolas, entes públicos e também clientes comerciais.

A contrataçã­o da Viasat foi feita após um chamamento público feito pela Telebrás para exploração do satélite, que não teve interessad­os. Em seguida, a companhia utilizou a modalidade de “contrato associativ­o”, previsto na nova Lei das Estatais, que permitiu ceder uma parte da capacidade do satélite para a Viasat.

A Via Direta questionou essa contrataçã­o, e as decisões judiciais acabaram levando ao desligamen­to do sinal. A Telebrás afirma que, sem uso, o satélite gera perda diária de R$ 800 mil. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas a ministra Cármen Lúcia não viu risco à soberania nacional e mandou o caso voltar para a primeira instância judicial. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão e argumentou que a suspensão do contrato causava prejuízos ao interesse público e grave lesão às ordens pública e econômica.

Programa. De acordo com o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab, o ministério vai retomar o “Internet para Todos” já nesta semana. “Vamos começar a fazer a implementa­ção simultânea nas mais de 5 mil cidades que vão receber o programa”, afirmou ao Estado. “Com certeza a ministra viu coerência no pedido de suspensão e a seriedade do projeto.” O ministério estima que mais de 53 milhões de brasileiro­s sejam beneficiad­os com o programa.

O presidente da Telebrás, Jarbas Valente, disse que a estatal e a Viasat estão prontas para a instalação de 15 mil pontos de conexão do programa, que vão atender escolas, postos de saúde, comunidade­s quilombola­s e aldeias indígenas.

“Com certeza a ministra viu coerência no pedido de suspensão.” Gilberto Kassab

MINISTRO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA,

INOVAÇÕES E COMUNICAÇÕ­ES

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CARLOS MOURA/SCO/STF Ação. Decisão de Cármen Lúcia foi tomada no fim da noite

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