O Estado de S. Paulo

Meirelles vê ‘voo solo’ do MDB na disputa ao Planalto

Presidenci­ável diz que sua sigla é a única que pode concorrer sozinha na eleição; em culto, pastor duvida da capacidade de ex-ministro ‘decolar’

- Marcelo Osakabe DANIEL WETERMAN /COLABOROU

Pré-candidato do MDB à Presidênci­a da República, o exministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou ontem contabiliz­ar ao menos 450 dos 629 votos dos delegados para convenção nacional do partido, que deve ser realizada no dia 3 de agosto, em Brasília. Ele disse ainda que o MDB é “talvez” o único partido que pode disputar “sozinho” a eleição presidenci­al.

Para Meirelles, no entanto, com a ideia de candidatur­a própria se solidifica­ndo na legenda, há a possibilid­ade de alianças com outros partidos. “O fato de o Centrão não ter se decidido mostra que ainda estão em busca de uma alternativ­a”, disse.

Ontem à noite, em São Paulo, Meirelles participou de um culto da Igreja Assembleia de Deus do Belém. O presidente da igreja, pastor José Wellington Bezerra da Costa, chamou o presidenci­ável de “pai das finanças” durante o encontro de obreiros, do qual participam apenas homens com cargos na igreja.

Bezerra da Costa, contudo, pôs em dúvida a capacidade de o ex-ministro “decolar” na disputa. “Capacidade administra­tiva ele tem, já demonstrou, de finanças ele conhece tudo, de maneira que para o momento do Brasil seria o homem ideal. Agora, não sei se ele decola porque, você sabe, a política é muito dinâmica, né? Tem outros aí que são profission­ais e estão nadando de braçada”, disse o pastor ao Estadão/Broadcast.

Bezerra da Costa afirmou que se aproximou de Meirelles durante o governo Michel Temer. Quando o presidente foi alvo de denúncia pela Procurador­ia-Geral da República, o pastor disse que pediu aos integrante­s da bancada evangélica na Câmara para barrar a acusação formal.

Em sua fala, Meirelles pediu oração por ele e pelo País. O pré-candidato destacou sua gestão no Ministério da Fazenda e disse que, “com fé e determinaç­ão”, foi possível tirar o País da recessão.

Mais cedo, o presidenci­ável avaliou que a demora em se firmar como o nome do partido nas eleições deste ano fez com que a tratativa com os demais partidos também atrasasse. Sobre a definição da vice, o emedebista disse que a conversa ainda é muito “prematura”, mas acenou com a possibilid­ade de que a escolha fique dentro do partido.

“Acho que teremos uma definição de aliança antes da convenção. Mas o importante é saber que o MDB tem condições até de correr sozinho, tem estrutura e tempo de TV para isso. É, talvez, o único partido com condições de correr sozinho.” Segundo partido com mais tempo de televisão, o MDB tem 12,6% do tempo de propaganda eleitoral, ficando atrás apenas do PT.

Apesar de ainda não ter saído de 1% de intenção de voto nas pesquisas de opinião, o pré-candidato do governo Temer se mostrou confiante com suas perspectiv­as. “Não tenho dúvidas de que estaremos no segundo turno. Minha dúvida é apenas se daria para ganhar no primeiro turno”, disse.

Recursos. No início do mês, em reunião da executiva, o MDB decidiu que o partido não repassaria verbas do fundo eleitoral para a campanha de Meirelles à Presidênci­a – o limite de gastos para a disputa à Presidênci­a é de R$ 70 milhões. A ideia do partido é que o ex-ministro financie sua própria campanha, como disse à época o presidente da sigla, o senador Romero Jucá.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Igreja. Henrique Meirelles participa de evento religioso na Assembleia de Deus, em SP

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