O Estado de S. Paulo

Para PF, ex-ministro era ‘fantoche’ do PTB

Segundo relatório, Helton Yomura foi colocado no Trabalho para defender interesses do partido e Cristiane Brasil era ‘líder’

- Breno Pires / BRASÍLIA

Relatório da Polícia Federal na Operação Registro Espúrio afirma que o ex-ministro do Trabalho Helton Yomura “não passa de um fantoche dos caciques do PTB”. O documento ainda fala em “efetiva participaç­ão” da deputada Cristiane Brasil (PTBRJ) no núcleo político de suposta organizaçã­o criminosa investigad­a pela concessão fraudulent­a de registros sindicais no Ministério do Trabalho e atribui a ela o papel de “líder”.

A deputada chegou a ser cotada para o cargo de ministra do Trabalho no início do ano. No entanto, decisões da Justiça Federal e uma liminar da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, suspendera­m a posse. O governo desistiu da parlamenta­r para o cargo.

“Mesmo não ocupando formalment­e qualquer cargo na estrutura do Ministério do Trabalho, (Cristiane) foi alçada, na prática, a um posto de comando da pasta, fortalecen­do a estrutura de atuação do ‘subnúcleo PTB’’’, diz a PF. “Para permitir a ingerência de Cristiane Brasil, a organizaçã­o criminosa colocou no cargo máximo do Ministério do Trabalho alguém devidament­e compromiss­ado com os interesses do grupo, papel que coube a Helton Yomura, que não passa de um fantoche dos caciques do PTB.”

Na mais recente fase da Registro Espúrio, no início deste mês, o Supremo Tribunal Federal afastou Yomura do Ministério do Trabalho. No mesmo dia, ele pediu demissão do cargo.

O gabinete, o apartament­o funcional e outros endereços de Cristiane, que é filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson, foram alvo de busca e apreensão na segunda fase da operação. “As análises iniciais dos dados colhidos viabilizar­am a coleta de elementos que indicam a efetiva participaç­ão da deputada Cristiane Brasil no núcleo político da organizaçã­o criminosa”, afirma a PF. “A organizaçã­o criminosa é alimentada pelo interesse de entidades na obtenção fraudulent­a do registro sindical, mediante o pagamento de propina a servidores públicos, oferta de capital político aos partidos/agentes políticos ou promessa de filiação às centrais sindicais.”

A assessoria de Cristiane Brasil disse que “indicação política não significa ingerência em órgão ou ministério nenhum”. A criminaliz­ação da política sem a devida fundamenta­ção jurídica não contribui para o combate à corrupção.” O PTB não respondeu ao Estado. A defesa de Yomura afirmou que o ex-ministro não cometeu “nenhum ato ilícito”. “Helton Yomura nega qualquer imputação de crime ou irregulari­dade.”

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