O Estado de S. Paulo

Líder das Farc desiste de vaga no Senado

- BOGOTÁ /

Iván Márquez, número dois e ex-chefe negociador das Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc) anunciou ontem que não assumirá o cargo de senador, na sexta-feira. Márquez protestou pela prisão do ex-guerrilhei­ro Jesus Santrich, acusado de tráfico de drogas, e denunciou uma “desfiguraç­ão” do acordo de paz, assinado em 2016, que permitiu a desmobiliz­ação da guerrilha.

Márquez e outros nove exguerrilh­eiros deveriam tomar posse no Senado na sexta-feira. No entanto, em carta divulgada ontem, ele alega “circunstân­cias intranspon­íveis que foram interposta­s em sua posse como senador”. Benkos Bioho, também ex-guerrilhei­ro, assumirá na vaga de Márquez. “Eu sinto que a paz colombiana está presa nas redes da traição”, disse o ex-guerrilhei­ro.

Santrich, uma das razões da desistênci­a de Márquez, foi indiciado em abril por um tribunal americano por formação de quadrilha e tentativa de enviar 10 toneladas de cocaína para os EUA. O carregamen­to tem valor de mercado de US$ 320 milhões.

Santrich, que foi um dos principais negociador­es das Farc no processo de paz, em Havana, foi flagrado intermedia­ndo a comprar da droga com narcotrafi­cantes colombiano­s. O crime teria sido cometido após a assinatura do acordo de paz, o que deixaria o ex-guerrilhei­ro de fora da jurisdição especial que deve julgar casos envolvendo as Farc.

O ex-guerrilhei­ro agora tenta evitar a extradição para os EUA. Mesmo diante das evidências apresentad­as, Márquez chamou a prisão do ex-guerrilhei­ro de “armadilha judicial” que ameaça o acordo de paz.

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JAIME SALDARRIAG­A/REUTERS - 10/4/2018 Perigo. Iván Márquez: críticas ao acordo de paz

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