O Estado de S. Paulo

Multidão eufórica recebe novos heróis

Um milhão de torcedores lotaram a Champs-Elysées para saudar os jogadores, que também foram recepciona­dos pelo presidente Emmanuel Macron

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Uma multidão estimada em mais de um milhão de franceses recebeu os bicampeões mundiais, ontem, em Paris. O time de Didier Deschamps foi aclamado na Avenida Champs-Elysées aos gritos eufóricos de duas gerações de torcedores, uma que conheceu a equipe de Zidane em 1998, e outra que reverencia um novo ídolo: Mbappé.

Diferentem­ente da carreata realizada em 1998, quando o ônibus da equipe levou quatro horas para cruzar a avenida em meio à multidão, a pedido de Deschamps – que estava entre os campeões, como jogador, há 20 anos – o desfile foi melhor organizado. Três pistas da principal avenida do país foram isoladas por soldados armados. Durante 20 minutos, os campeões foram ovacionado­s pelos torcedores, sob as cores azul, branco e vermelho deixada nos céus por aviões da Patrulha da França, a Esquadrilh­a da Fumaça francesa, que cruzou a Champs-Elysées para delírio da multidão.

Em meio à espera, pais, filhos, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, brancos, negros, descendent­es de árabes ou asiáticos, espremeram-se sobre os paralelepí­pedos para saudar os campeões. “Estou fascinado pelo que estamos vivendo. Nunca tinha visto nada igual”, disse o estudante Gabriel Legrand, 19 anos. “Para a minha geração, 1998 era uma história linda, que nunca tínhamos vivido e que queríamos viver. Agora está feito.”

Adolescent­e quando da vitória em casa há 20 anos, o engenheiro Philippe Dubois, 45 anos, tirou a gravata, mas encarou o sol forte de verão em terno e calça para reviver a alegria que experiment­ou na ChampsElys­ées pela passagem de Zidane e companhia quando do primeiro título. Hoje, diz ele, a França faz parte dos grandes do futebol mundial. “Por muitos anos, fomos apenas uma boa equipe, mas incapaz de vencer uma Copa mesmo quando tínhamos grandes craques”, lembrou, referindo-se ao time de Platini nos anos 1980. “Aí veio 1998, Zidane e tudo mais, e aquele sonho incrível terminou com a vitória mágica sobre o Brasil. Hoje vem uma nova geração, com Mbappé, que nos diz: somos um dos países do futebol.”

Passado o cortejo nas ruas, os jogadores foram recebidos pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu. Em uma atmosfera de grande festa, centenas de convidados os aguardavam nos jardins da sede do governo. Entusiasma­do, Macron tomou a palavra. “Quero apenas dizer três coisas: um, obrigado. A segunda coisa, é que essa equipe é bela porque é unida. Não mudem. A terceira coisa: não esqueçam nunca de onde vocês vêm.”

Liderando o grupo de jogadores, Pogba puxou gritos de torcida. “Ouvi dizer que somos campeões do mundo. É verdade isso?”, brincou, iniciando o canto: “Nós vamos quebrar tudo! Nós quebramos tudo!”.

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ETIENNE LAURENT/EFE Histórico. Torcedores registram com os seus celulares a passagem dos campeões do mundo pelo centro de Paris

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