O Estado de S. Paulo

Prévia do PIB desaba 3,34% em maio, maior queda do indicador

Sob impacto da greve dos caminhonei­ros, indicador teve taxa menor que em 2008, auge da crise global

- Fabrício de Castro/BRASÍLIA /COLABOROU MARIA REGINA SILVA

Sob efeito da greve dos caminhonei­ros, a atividade econômica despencou em maio no Brasil. O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), divulgado ontem, mostrou recuo de 3,34% em maio ante abril, na série já livre de efeitos sazonais. Foi o maior tombo mensal da série histórica do BC, iniciada em janeiro de 2003.

Com as estradas fechadas e o abastecime­nto comprometi­do nas várias regiões do País, a economia brasileira foi penalizada nas duas últimas semanas de maio e no início de junho. A retração de maio foi superior, inclusive, à baixa de 3,19% verificada em dezembro de 2008, quando a crise financeira global havia acabado de explodir, após a quebra do banco americano Lehman Brothers. Medido em pontos, o IBC-Br encerrou maio aos 133,40 pontos, no menor patamar desde dezembro de 2016.

Considerad­o uma espécie de prévia do BC para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve mais precisamen­te como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. Em função do resultado negativo de maio, o IBC-Br acumula alta de apenas 0,73% em 2018 até maio. A previsão atual do BC para o PIB em 2018 é de avanço de 1,6%. O porcentual, informado pelo BC no fim de junho, é o mesmo considerad­o pelo Ministério da Fazenda.

“É de se esperar uma volta forte (da atividade em junho), após a queda em maio por causa das paralisaçõ­es, que tiveram efeito importante. Dados setoriais têm indicações nessa direção”, pontuou o economista­chefe do Rabobank Brasil, Mauricio Oreng. “Ainda assim, as perspectiv­as para o trimestre ficam bem complicada­s”, disse.

O Rabobank mantinha projeção de cresciment­o de 1,6% da economia este ano, mas agora sinaliza com mudança na projeção para 1,5%, já consideran­do a reaceleraç­ão da economia no terceiro trimestre de 2018, passado o efeito da greve. “Se não acontecer, a estimativa pode ser ainda pior”, disse Oreng.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimen­tos, Newton Camargo Rosa, se os dados de junho confirmare­m um quadro melhor para a atividade, pode haver uma rodada de revisões para cima das estimativa­s para o PIB. Porém, ele afirma que é cedo para isso. “Acredito que não seria nada muito significat­ivo”, acrescento­u Rosa, que estima alta de apenas 1,3% para o PIB em 2018.

Sudeste penalizado. Uma das regiões mais atingidas pela greve dos caminhonei­ros foi o Sudeste, conforme os dados do BC. O Índice de Atividade Econômica Regional do Sudeste (IBCR-SE) despencou 3,58% em maio ante abril, na série com ajustes sazonais. O indicador passou de 141,17 para 136,11 pontos no período, no menor nível desde janeiro de 2010.

Também houve retração substancia­l da atividade nas demais regiões em maio ante abril. O Índice de Atividade Econômica Regional do Norte (IBCR-N) cedeu 1,87%, o indicador referente ao Nordeste (IBCRNE) caiu 1,16% e o índice relacionad­o ao Centro-Oeste (IBCRCO) teve baixa de 1,08%. O indicador do Sul (IBCR-S) ainda não havia sido divulgado até o fechamento deste texto.

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