O Estado de S. Paulo

SP vai processar União por isenção de pedágio

- Douglas Gavras

Estado quer que governo federal faça ressarcime­nto pelo fim da cobrança de pedágio sobre eixos suspensos de caminhões exigido para o fim da greve

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), vai entrar na Justiça contra a União, para conseguir o ressarcime­nto pela isenção da cobrança de pedágio sobre eixos suspensos nas rodovias paulistas concedidas à iniciativa privada.

A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) havia estimado que a isenção da

cobrança de pedágio sobre eixo suspenso dos caminhões custaria entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões por mês para as concession­árias que administra­m rodovias que cortam o Estado.

Segundo informação publicada ontem no jornal Valor Econômico e confirmada pelo Estado, França disse que o governo paulista deve pedir o abatimento desse custo da dívida mensal de R$ 1,3 bilhão que São Paulo tem com a União.

Até 2015, os contratos de concessão estipulava­m que os caminhões, carregados ou não, seriam obrigados a pagar pedágio sobre os eixos. Naquele ano, uma outra greve da categoria conquistou a isenção desse pagamento, mas apenas para as rodovias federais concedidas à iniciativa privada.

Uma das reivindica­ções dos caminhonei­ros que pararam o País em maio era que a isenção do eixo suspenso fosse estendida também para as rodovias estaduais. A exigência fez parte de um conjunto de Medidas Provisória­s, assinadas pelo governo Temer, para atender à categoria e encerrar a greve.

Na ocasião, o governador de São Paulo disse que tomaria as medidas necessária­s para que a isenção de pedágio fosse cumprida, mas que iria agir para que as concession­árias fossem ressarcida­s.

Compensaçã­o. Na prática, o que o governo de São Paulo tenta agora é que a União compense o prejuízo causado às concession­árias pelo acordo com os caminhonei­ros, a partir do abatimento da dívida do Estado com a União.

O Estado de São Paulo tem 8,3 mil quilômetro­s de estradas no Programa de Concessões Rodoviária­s. A isenção de cobrança sobre o eixo elevado passou a valer nas rodovias paulistas a partir de 1.º de junho. Todas as praças de pedágios devem cumprir a isenção.

Na avaliação do advogado especialis­ta em infraestru­tura Rodrigo Bertoccell­i, a medida pode ser uma opção para garantir o reequilíbr­io dos contratos sem aumento do pedágio para os demais usuários.

“O aumento do prazo de contrato costuma ser a grande margem de manobra para conseguir o reequilíbr­io, sobretudo se o governo não tem recursos. Até mesmo os contratos de Parceria Público-Privada (PPP), que têm prazo máximo de 35 anos, já são modelados com um espaço de reequilíbr­io de mais cinco, dez anos”, afirmou Bertoccell­i.

Ele explica que não há uma lei que permita que o governador de um Estado exija uma contrapart­ida da União, mas como o governo estadual tem a obrigação de equilibrar os contratos de concessão, solicitar o abatimento da dívida pode ser uma alternativ­a.

“Pode ser uma boa saída. Não cria um precedente jurídico, mas um precedente político para que outros Estados façam o mesmo. O governo federal deve avaliar com cautela se aceitaria ou não o abatimento da dívida de São Paulo, já antevendo um efeito cascata”, concluiu o advogado.

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ALEX SILVA/ESTADÃO-2/4/2018 Abatimento. França quer desconto da dívida com União

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