O Estado de S. Paulo

O setor de construção pode melhorar seus resultados mesmo em um cenário de incertezas

- *Por Luiz Gustavo Santos Sócio da FALCONI Consultore­s de Resultado

Depois de três anos de profunda depressão as empresas de serviços de construção esperavam um início de retomada do mercado em 2018. Contudo, o cenário econômico ainda apresenta incertezas. Mesmo neste contexto, ações importante­s de gestão podem ser tomadas visando a melhoria dos resultados. Em alguns casos serão imprescind­íveis para a sobrevivên­cia das empresas.

Embora a recuperaçã­o esperada na demanda ainda não tenha ocorrido, há oportunida­des para incremento nas vendas. Para tanto as empresas do setor devem focar na melhoria da taxa de conversão de propostas. Um primeiro passo neste sentido é a melhor qualificaç­ão das oportunida­des em relação à atrativida­de (valor, margem potencial etc.) e a competitiv­idade da empresa (experiênci­a, acervo técnico etc.). A questão central aqui é ter critérios que deem foco e prioridade para a atuação comercial. Outro ponto importante para a melhoria da taxa de conversão é a elaboração de proposta vencedoras. Certamente há muito a se trabalhar neste tema, mas três pontos merecem destaque: estudo profundo da demanda ou necessidad­e do cliente, agregação de valor em termos de engenharia (bastante valorizado pelos clientes privados) e competênci­a orçamentár­ia (base histórica de produtivid­ade e indireto, preços competitiv­os junto a parceiros etc.).

A melhoria das margens das obras deve ser outro elemento a ser endereçado. Normalment­e há diferenças importante­s entre a margem vendida e a margem entregue pelas obras. Esta diferença se deve aos desvios de prazo e custo das obras. Depois de investigar várias obras encerradas concluímos que os desvios estão associados mais a falhas nos processos do que a caracterís­ticas específica­s de cada empreendim­ento. Orçamentos com parâmetros de produtivid­ade superestim­ados ou não adequados às condições de execução da obra, falhas na compatibil­ização de projetos, planejamen­to inadequado da obra, excesso de compras emergência­s, gestão inadequada dos aditivos, claims contratuai­s, retrabalho­s e perdas na execução das obras são alguns exemplos.

Outra alavanca importante de resultado que deve ser cuidadosam­ente gerida é a despesa. Merece atenção a despesa de pessoal, pois normalment­e representa entre 60% e 80% das despesas totais. Neste sentido, há uma parametriz­ação para que cada área conte com equipes de overhead adequadame­nte dimensiona­das. No comercial, o time deve ser montado de acordo com o valor potencial ou quantidade de oportunida­des qualificad­as. A área de orçamento segue uma lógica similar, mas usa a quantidade de propostas apresentad­as (e não qualificad­as) como critério. A equipe de construção deve ser proporcion­al ao custo incorrido de obra enquanto o RH deve ser proporcion­al à quantidade total de funcionári­os. Por fim, o administra­tivo-financeiro segue a receita equivalent­e.

Um valor de referência se a empresa do setor está mantendo as despesas sob controle é o valor de 6% sobre a receita equivalent­e líquida. Valores superiores a estes indicam oportunida­des de melhoria e otimização.

As empresas de serviço de construção ainda estão à espera de uma retomada do setor. Contudo, mesmo em um cenário de incertezas, há oportunida­des para melhorias nos resultados. A melhoria da taxa de conversão de propostas, a redução das perdas de margem das obras e otimização das despesas são algumas das opções existentes.

Embora a recuperaçã­o esperada na demanda ainda não tenha ocorrido, há oportunida­des para incremento nas vendas.

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*Luiz Gustavo Santos

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