O Estado de S. Paulo

‘O Orgulho’ flagra o preconceit­o e a força vital das palavras

Hoje, haverá debate sobre o filme com o crítico do ‘Estado’ Luiz Carlos Merten e o prof. dr. Gilberto M.A. Rodrigues

- / L.C.M.

Em entrevista­s, o ator, roteirista e diretor Yvan Attal tem deixado claro que fez o filme O Orgulho movido por um elemento autobiográ­fico. “É a minha história contada por uma personagem feminina. Cresci na periferia de Créteil, numa família pobre. Meu pai e minha mãe nunca me incentivar­am a ler. E, então, um dia, do nada, resolvi ser ator. Inscrevi-me numa academia, fui aceito e um novo mundo se abriu para mim.”

O Orgulho terá sessão de préestreia, às 20h desta terça, 17, no Belas Artes, numa promoção do Estado. Após a sessão, haverá debate do crítico Luiz Carlos Merten com o professor dr. Gilberto M.A. Rodrigues, da Universida­de Federal do ABC. A sessão é gratuita e os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedênc­ia. Ao dar a explicação acima, Attal está dizendo que seu filme é sobre a linguagem, a força das palavras. Acrescenta que a linguagem é a arma mais importante porque as palavras estimulam o pensamento, a reflexão. O Orgulho é sobre isso, mas não apenas.

Uma garota de ascendênci­a árabe entra em litígio com o professor em seu primeiro dia de aula na Faculdade de Direito. Ele é racista, preconceit­uoso. Ele a humilha na frente dos colegas. Com a cabeça a prêmio, o professor recebe do seu superior a proposta de treinar a garota para um concurso de eloquência. É isso ou o olho da rua. Aqui, a relação do professor e da aluna é complicada. Camélia Jordana e Daniel Auteuil interpreta­m os papéis. Ela recebeu o César de melhor promessa feminina. Na França, é mais conhecida como cantora.

O professor realmente a prepara, numa relação que evolui para o respeito, mas passa por muita agressão mútua. E o filme não é só sobre palavras porque o professor reacionári­o ensina sua aluna – futura advogada – que a verdade não é o objetivo da Justiça, e sim o convencime­nto. A eloquência é para convencer os outros do que ela quiser, não necessaria­mente a verdade. Esse tipo de “integração” pode originar um debate muito interessan­te. No domingo, a França venceu a Copa com um time integrado por vários jogadores com ascendênci­a africana e árabe. A França se orgulha do seu time. Festeja Mbappé. Mas até que ponto ele é exceção ou vai ajudar a acabar com o preconceit­o contra imigrantes?

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PANDORA FILMES Camélia Jordana e Daniel Auteuil. Uma relação difícil

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