Mr. Miles homenageia os croatas, bravos finalistas da Copa
Sempre no Mediterrâneo, em seu veleiro alugado e na companhia de Trashie, nosso correspondente britânico acaba de ver sua seleção nacional ser eliminada pela Croácia no Mundial da Rússia. Mr. Miles adverte que escreve essas linhas sem saber o resultado da final, mas regozija-se com os croatas pelo denodo e pela inteligência de seu futebol.
“Well, my friends: não deveria ser fácil estar aqui em Rovinj usando um bowler hat e vendo, pela televisão de um bar, o jogo entre os bravos eslavos e nossos compatriotas. Felizmente, however, testemunho que apesar de sua longa história de disputas encarniçadas, os croatas foram verdadeiros gentlemen, brindaram os três gols da partida com um bom vinho local e aceitaram nossos cumprimentos ao fim. Fair enough!
O futebol, as I knew, não ia voltar para casa, assim como não voltaram as locomotivas, os computadores, a penicilina, a lei da gravidade, a Teoria da Evolução e a minissaia – entre outras de nossas contribuições para a humanidade. Ninguém cria nada apenas para regozijar-se. Se as invenções alcançam o mundo – como é, definitely, o caso do futebol –, são aperfeiçoadas e ganham outra dimensão, podemos e devemos ficar orgulhosos.
Tudo indica, nesse momento tardio da noite no Mediterrâneo, que os gauleses – oh, my God, justo eles! – estarão menos cansados para disputar o título no domingo. Posso dizerlhes, however, que o meu coração estará em uma ilha da Dalmácia, embrulhado em um pano vermelho e branco. E vou estar usando uma gravata para honrar os locais.
Deixe-me explicar. A gravata é, for sure, uma invenção croata, embora a história seja enrolada. Como é de conhecimento dos leitores, sou de um tempo onde o uso da gravata era tão disseminado que, in fact, sinto-me quase despido se não a visto. Olhando de outro prisma, however, usar uma tira de tecido – não importa quão valioso e bem estampado seja ele – pendurada ao pescoço é tentar assemelhar-se a um cão com a língua de fora. Don’t you agree?
O costume de portar panos sobre os ombros é mais que milenar e derivou da necessidade do homem de enxugar o suor de seu rosto durante o trabalho. Sir Alex Calmingham, um velho amigo gravatófilo e capaz de executar todos os nós (de gravata) existentes com a destreza de um espadachim, relatou-me, certa vez, que os primeiros a tentarem dar status a esse adorno foram os romanos, com seus primitivos focale. A moda não pegou. E vejam a ironia: foi justamente de uma linhagem de reis cujos pescoços acabaram cortados pela guilhotina que derivou a moda do uso da gravata.
O precursor foi Luis XIV, da França. Durante a Guerra dos Trinta Anos, o chamado Rei Sol viu-se diante de um batalhão de mercenários croatas a seu serviço e encantou-se com uma espécie de cachecol de linho e musselina usado pela tropa. Pediu, então, aos reais alfaiates que lhe produzissem lenços à moda croate (croata, em francês), de onde derivou a palavra cravate. A Croácia (Hrvatia, em croata) é, portanto, a pátria da gravata, embora seus cidadãos gostem mesmo é do modelo tipo toalha-de-cantina nas cores azul, vermelho e branco (já mencionadas), as mesmas que estampam sua bandeira nacional.
De minha parte prefiro a bow tie (N. da R.: gravata-borboleta), que leva a grande vantagem de jamais mergulhar no prato de sopa. Mas, no dia a dia, pratico a gravata tradicional com um sóbrio nó de Windsor. O curioso é que a gravata acabou se tornando uma espécie de símbolo da cultura ocidental. Povos que usam túnicas, sarongues ou galabias – entre outros tantos trajes para nós exóticos – jamais se vestem à maneira ocidental, envergando jeans e camiseta. A forma que encontram de aproximar-se de nós é através do uso da gravata. Uma história cheia de nós. Don't you agree?”
É O HOMEM MAIS VIAJADO DO MUNDO. ELE ESTEVE EM 183 PAÍSES E 16 TERRITÓRIOS ULTRAMARINOS. SIGA-O NO INSTAGRAM @MRMILESOFICIAL