O Estado de S. Paulo

Check-list para levar as crianças à neve

- MÔNICA NOBREGA

Ao ler a matéria principal desta edição, você talvez se pergunte: e com criança, é tranquilo ir a uma estação de esqui? Note: estamos falando de temperatur­as que nunca chegam aos dois dígitos positivos, mas que quase com certeza atingirão os dois negativos. De altitudes que estrangula­m a respiração. Neste cenário, tranquilo não é bem a palavra. Mas possível, sim. Gostoso e divertido, também. Ou as famílias não estariam entre os principais alvos da publicidad­e, dos investimen­tos e das promoções dos destinos de neve.

Aliás, talvez até exista algum exemplo menos divulgado por aí, mas o fato é que nunca soube de nenhuma estação de esportes de inverno que levante a bandeira discrimina­tória do “não aceitamos crianças”. Pessoal que não suporta a ideia de ver ou ouvir uma criança nas férias, lamento informar que a neve não é para vocês.

Já o contrário existe aos montes: estações que dão descontos generosos para famílias. Nos Estados Unidos, a badalada Aspen Snowmass, por exemplo, dará ski passes gratuitos na próxima temporada para crianças de até 12 anos que alugarem os equipament­os em uma das quatro montanhas do complexo. A oferta é válida de 1.º de janeiro a 21 de abril de 2019, na proporção de um ski pass por dia de aluguel de equipament­o: bit.ly/kidsfreeas. No inverno da Suíça, as pistas da montanha Jungfrau (20 quilômetro­s em média d acidade de Inter laken)d eram gratuitame­nte, nas últimas temporadas, trêsski passes acrianças de até 15 anos para cada adulto pagante aos sábados. Fi quede olho:jungfr aure gion.swiss/en. Incentivo entusiasma­damente que você leve suas crianças para as montanhas nevadas. Basta investir num preparo prévio mais minucioso.

Aclimataçã­o. Altitudes elevadas causam mal estar a boa parte dos viajantes. É só falta de hábito – em geral, passa rápido. Para reduzir o incômodo das crianças, há dois caminhos possíveis. Um deles é escolher estações de esportes de inverno que estão a altitudes mais moderadas. É o caso de Corralco, no Chile (entre 1.500 e 2.300 metros) e de Megève, na França (entre 1.000 e 2.500 metros). O outro, que acho mais interessan­te, é ir mesmo para o destino que vocês quiserem e deixar a primeira noite e o primeiro dia inteiro para que o corpo se adapte, sem atividades.

Aulas. São um gasto consideráv­el, mas determinan­te para o sucesso da viagem. Crianças que nunca esquiaram precisam de pelo menos três aulas. Pense nisso como um investimen­to: esquiar é como andar de bicicleta, não se esquece mais.

Outras atividades. Escolha um destino com boa estrutura de lazer indoor – vai fazer toda a diferença nos dias em que não for possível ficar ao ar livre, como nas nevascas. Leve de casa o tablet abastecido com filmes e games, além livros e até brinquedos.

Mala. O guarda-roupa de inverno brasileiro não serve para quase nada no inverno de verdade – no máximo para usar nos ambientes com aqueciment­o. Leve a sério a necessidad­e de ter roupas adequadas para as crianças (e para a família toda): blusas e calças do tipo segunda pele térmicas, blusas e cachecol de fleece, calça e jaqueta impermeáve­is (estas dá para alugar), gorros forrados, meias térmicas, botas impermeáve­is forradas. Não sai barato e quase nada tem utilidade no dia a dia da criança no Brasil; peça emprestado tudo o que puder. O custo de viajar com uma mala cheia de peças inadequada­s é não aproveitar nada daquilo que estiver ao ar livre.

Ah, sim: sem luvas impermeáve­is seu filho não vai conseguir fazer o que mais quer, enfiar a mão na neve e construir um boneco.

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