O Estado de S. Paulo

Por Centrão, Ciro suaviza crítica às novas leis do trabalho

Presidenci­ável diz agora que o termo ‘revogar’ é ‘cacoete de professor’; ao mesmo tempo, pedetista intensific­a ofensiva por apoio do PCdoB

- Gilberto Amendola Pedro Venceslau Ricardo Galhardo

De olho no apoio do Centrão, bloco formado por DEM, PP, PRB e Solidaried­ade, o pré-candidato do PDT à Presidênci­a, Ciro Gomes, disse ontem a empresário­s que não é contra a reforma trabalhist­a, mas contra a reforma aprovada em novembro e que se compromete a “recolocar a discussão”. Em outra frente, ele tenta atrair o apoio do PCdoB, aliado histórico do PT.

Nas negociaçõe­s para atrair o apoio de partidos do Centrão, o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidênci­a, suavizou o discurso contra a reforma trabalhist­a.

As concessões ou compromiss­os de Ciro para o bloco partidário formado por DEM, PP, PRB e Solidaried­ade também incluem a defesa de privatizaç­ões e do rigor fiscal.

Em outra frente, o presidenci­ável promoveu uma ofensiva pelo apoio do PCdoB, que esteve ao lado do PT em todas as eleições presidenci­ais desde 1989.

Em evento na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os (Abimaq), realizado ontem em São Paulo, o pré-candidato disse não ser contra a reforma trabalhist­a, mas “contra essa reforma (proposta pelo governo Temer)”. E justificou o uso da expressão “revogar” usado em outras oportunida­des, ao se referir à mesma reforma, como um “cacoete de professor”.

“Essa reforma trabalhist­a, sem embargo de coisas boas, tem problemas. Ela trouxe ao mundo uma inseguranç­a jurídica e inseguranç­a econômica. Isso destrói o capitalism­o. O meu compromiss­o é trazer essa bola de volta para o centro do campo e recolocar a discussão”, disse o ex-governador do Ceará. “Da proposta aprovada, 10% são coisas aberrantes. Você acha que sindicalis­mo critica o negociado sobre o legislado? Não, falam da situação da grávida em ambiente insalubre”, disse. “Não sou contra reforma, sou contra esta”, completou.

Pouco antes das declaraçõe­s do presidenci­ável, o economista e ex-secretário da Fazenda do Ceará Mauro Benevides Filho, responsáve­l pelo programa econômico de Ciro, se encontrou em São Paulo com o também economista Cláudio Adilson, ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O encontro, “amarrado” por Maia, tinha como objetivo esclarecer pontos e encontrar convergênc­ias entre o programa econômico de Ciro e as propostas do Centrão.

Ao Estadão/Broadcast, Benevides afirmou que a orientação política para a discussão econômica com o bloco é que “não existe nada que não possa ser aprimorado ou aperfeiçoa­do no programa (de governo), que só terá sua versão final em julho”.

“Não há discordânc­ias com os partidos de centro. Nenhum deles, por exemplo, é contra o ajuste fiscal. As conversas avançaram muito. A convergênc­ia é expressiva”, disse. A aproximaçã­o com o Centrão também tem se dado por meio de um discurso mais amigável às privatizaç­ões e ao controle de gastos.

Esquerda. A dois dias da convenção do PDT, o PCdoB se aproximou de Ciro e já admite a possibilid­ade de retirar a deputada estadual gaúcha Manuela d’Ávila da disputa. O assunto vai começar a ser debatido de forma oficial no encontro do comitê central do partido, no fim de semana, na capital paulista.

Em uma investida pelo apoio do partido, Ciro se reuniu ontem no Recife com a cúpula nacional do PCdoB. A imagem do encontro foi divulgada nas redes sociais do pré-candidato e no portal do PCdoB na internet. O gesto ocorre no momento em que o PSB pernambuca­no se posicionou a favor de uma aliança nacional com o PT na disputa presidenci­al, o que obstruiu a aproximaçã­o com Ciro.

Na segunda-feira, o presidenci­ável esteve em São Luis (MA), onde foi recebido pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que é um dos maiores entusiasta­s da aliança com o PDT. No plano local, as duas siglas já estão no mesmo palanque. O deputado federal Weverton Rocha (PDT) será candidato ao Senado na chapa de Dino, que concorrerá à reeleição.

“A aproximaçã­o de Ciro Gomes com o Centrão não necessaria­mente nos afasta dele”, afirmou a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos. “Esse debate não se encerrará provavelme­nte antes da Convenção do partido, no dia 1.º”, completou Walter Sorrentino, coordenado­r do grupo de trabalho eleitoral da legenda.

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GABRIELA BILO /ESTADÃO Agenda. Ciro Gomes durante evento com empresário­s, ontem, em São Paulo

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