O Estado de S. Paulo

MP pede que pedetista seja investigad­o por injúria racial

- Luiz Raatz

O Ministério Público de São Paulo pediu ao Departamen­to de Polícia Judiciária da Capital (Decap) – vinculado à Polícia Civil – a instauraçã­o de inquérito para averiguar suposto crime de injúria racial, que teria sido cometido pelo presidenci­ável Ciro Gomes (PDT) contra o vereador Fernando Holiday (DEM), um dos coordenado­res do Movimento Brasil Livre (MBL).

Segundo o MP, o pedido foi formulado no dia 12. A Secretaria de Segurança Pública informou, no entanto, que a solicitaçã­o ainda não chegou ao Decap e o inquérito não foi aberto. Segundo o site BR18, do Grupo Estado, o MP atendeu a uma representa­ção do advogado Maurício Januzzi, do escritório Januzzi e Carvalho. A pena para o crime de injúria racial é de 1 a 3 anos de prisão mais multa.

Em 18 de junho, Ciro chamou Holiday de “capitãozin­ho do mato” durante entrevista à Rádio Jovem Pan. “Esse Fernando Holiday aqui é um capitãozin­ho do mato. Porque a pior coisa que tem é um negro usado, pelo preconceit­o, para estigmatiz­ar”, afirmou Ciro.

A declaração foi dada em uma pergunta sobre uma possível aliança com o DEM nas eleições. Ao citar as diferenças, falou do impeachmen­t da presidente cassada Dilma Rousseff, que considerou um golpe, e da atuação de Holiday. Na ocasião, o vereador classifico­u a fala como racista e anunciou por meio de suas redes sociais que iria processar o pedetista.

Ao Estado, Holiday afirmou ontem que espera ir até o fim na Justiça sobre o caso, não só por meio da representa­ção do MP, mas também por meio de ação cível, cuja primeira audiência deve ocorrer em agosto. “Espero que ele seja punido em ambas as instâncias”, disse.

Ainda em junho, em outro evento, Ciro respondeu a questionam­entos sobre o uso do termo “capitão do mato” – responsáve­is, alguns deles negros libertos, por caçar escravos fugidos das fazendas durante a escravidão. Ele citou dois pontos da atuação de Holliday que justificar­iam sua fala: a iniciativa de acabar com o Dia da Consciênci­a Negra e a apologia pelo fim das cotas. “Capitão do mato, aqui, é uma metáfora segura que eu tenho que ele faz esse papel em pleno século 21.”

Procurada, a assessoria de Ciro não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.

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JF DIORIO/ESTADÃO Caso. Holiday foi chamado de ‘capitãozin­ho do mato’

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