Morte faz polícia apurar cirurgia em casa
Denis Cesar Barros Furtado está foragido, após realizar procedimento para preenchimento de glúteos em uma cobertura na Barra da Tijuca
A Polícia Civil do Rio procura o médico Denis Cesar Barros Furtado, acusado pelo homicídio da bancária Lilian Calixto, de 46 anos. Ela morreu na madrugada de domingo, horas após passar por procedimento estético no apartamento do suspeito, na Barra da Tijuca, zona oeste da capital. Além dele, sua mãe, a médica Maria de Fátima Barros, e outras duas pessoas foram indiciadas por homicídio e associação criminosa.
Lilian passou mal após realizar procedimento para preenchimento de glúteos. Ela saiu de Cuiabá (MG), para fazer o tratamento com o médico conhecido como “Dr. Bumbum”, que tem mais de 655 mil seguidores no Instagram. A vítima era casada e deixa dois filhos, de 13 e 23 anos. Seu corpo deve ser enterrado hoje em Cuiabá.
“Até agora não sei como ela caiu em um negócio desses, pois era uma pessoa esclarecida, inteligente”, afirma Lucy Macedo, uma das amigas próximas. Segundo Lucy, quando a bancária chegou ao Rio foi que ficou sabendo que o procedimento estético seria na cobertura onde mora o médico – e não em uma clínica. O valor do procedimento foi de R$ 20 mil.
Lilian teve complicações e foi levada a um hospital pelo próprio médico, que estava acompanhado da mãe, da técnica de enfermagem Rosilane Silva e da secretária Renata Cirne, que seria sua namorada.
De acordo com a delegada Adriana Belém, que investiga o caso, o médico assumiu o risco de matar. Ela pediu a prisão dos quatro envolvidos. Renata já está detida, enquanto Rosilane não teve o pedido acatado pela Justiça. Tanto Denis quanto Maria de Fátima são foragidos. A delegada diz esperar que pessoas que tenham feito procedimentos com o médico se apresentem na delegacia.
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Niveo Steffen apontou uma série de irregularidades no procedimento, desde o lugar onde foi feito até o produto utilizado para o preenchimento do glúteo. Segundo a SBCP, foi utilizado polimetilmetacrilato, o PMMA. O uso desse produto para preenchimento do glúteo é proibido desde 2006. Procurada, a polícia não confirmou o uso.
Furtado já tem passagem na polícia por porte de arma e ameaça, entre outras acusações. Há ainda o caso de uma mulher que registrou queixa contra o médico por ele não ter devolvido R$ 20 mil referentes a um procedimento não realizado. A mulher teria desistido de fazer a cirurgia depois de saber que ela seria realizada no apartamento de Furtado. Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRMDF) informou que o médico não possui especialidade registrada na autarquia e responde a processo ético-profissional. Em março de 2016, ele foi alvo de uma interdição cautelar para o exercício da profissão pelo conselho, a qual foi suspensa três meses depois pela Justiça, em Brasília. O processo agora tramita em sigilo processual. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) abriu sindicância para apurar o caso atual.
Defesa. A advogada do médico, Naiara Baldanza, declarou em nota que ele é inocente e está sendo julgado antes do tempo. “Muitas informações que circulam na internet são inverídicas.” Segundo ela, a morte foi uma “circunstância isolada” sem “relação com o procedimento estético realizado”.
Os clientes de Naiara alegam ainda que a paciente não apresentou complicação no momento do procedimento, “e só após receber uma ligação da paciente, informando que não estava se sentindo bem, o Dr. Denis e a Dra. Fátima acompanharam pessoalmente a bancária até o hospital”.