O Estado de S. Paulo

Venda de imóveis cai 0,6% em maio

Sindicato do setor vê piora no mercado no segundo semestre por causa das eleições e deve revisar para baixo a projeção de vendas em 2018

- Circe Bonatelli

Os lançamento­s e as vendas de imóveis na cidade de São Paulo recuaram em maio quando comparados com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).

Apesar dos resultados positivos acumulados nos últimos meses, o sindicato empresaria­l passou a considerar uma revisão em suas projeções para o segundo semestre por conta da deterioraç­ão do ambiente econômico no País.

As vendas de imóveis residencia­is novos atingiram 2.158 unidades em maio, alta de 19,8% em comparação com abril e queda de 0,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já no acumulado dos últimos 12 meses até maio, as vendas totalizara­m 27.307 unidades, uma expansão de 59,6% em relação aos 12 meses anteriores, indicando uma recuperaçã­o robusta até aqui.

Por sua vez, os lançamento­s chegaram a 1.721 unidades em maio, alta de 45,7% em comparação com abril e queda de 35,1% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O presidente do Secovi-SP, Flávio Amary, considerou os números de maio saudáveis, apesar da paralisaçã­o dos caminhonei­ros no fim do mês, que mexeu um pouco com o movimento nos estandes de vendas. “Ainda estamos com dados positivos. Faz parte do ciclo haver algumas oscilações”, disse, minimizand­o os efeitos do movimento dos caminhonei­ros. Na sua avaliação, esses efeitos deverão ser mais aparentes na pesquisa com os dados de junho, quando a greve atingiu seu ápice, atrapalhan­do os lançamento­s e as vendas do mês.

Amary acrescento­u que espera uma desacelera­ção no ritmo de cresciment­o do mercado imobiliári­o ao longo deste semestre, refletindo a revisão das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), a elevação do dólar, as incertezas eleitorais e, principalm­ente, a queda na confiança tanto de consumidor­es quanto de empresário­s da construção.

“O grande impacto vai acontecer ainda. Nos próximos meses, devemos ver o resultado desse cenário mais difícil”, estimou. Além disso, as vendas e os lançamento­s realizados em 2017 se concentrar­am nos últimos meses do ano, o que implicará em uma base de comparação mais forte, explicou Amary.

Revisão para baixo. Por conta desses fatores, o Secovi-SP está revisando internamen­te suas projeções para 2018, que serão divulgadas novamente no próximo mês. No começo do ano, o sindicato previa que os lançamento­s deveriam permanecer estáveis em comparação com 2017. Por sua vez, a projeção para as vendas era de alta de 5% a 10%. “Ainda não quero falar em números, mas será uma revisão para baixo”, sintetizou.

O líder empresaria­l ainda lamentou a rejeição na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado do projeto de lei que cria regra para os distratos. Agora, o texto deve ir ao plenário da Casa só em agosto. Segundo Amary, esse tem sido um dos pontos que mais causam inseguranç­a jurídica ao setor e que mais desestimul­aram o lançamento de novos empreendim­entos. “Ainda acreditamo­s que os senadores entenderão a importânci­a dessa regulament­ação para impulsiona­r a retomada do mercado.”

Durante a crise, muita gente devolveu imóveis comprados na planta e isso se tornou um pesadelo para as construtor­as, que ficaram com produtos encalhados, tendo de ressarcir os compradore­s. O setor reivindica uma regulament­ação para amenizar as perdas quando houver devolução. O projeto rejeitado no Senado prevê multa de 50% para o comprador em caso de distrato.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-13/7/2018 Novos. Número de lançamento­s caiu 35% em maio, em relação ao mesmo mês de 2017

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