O Estado de S. Paulo

Bancos privados superam Caixa na concessão de financiame­ntos

No acumulado do ano até maio, banco estatal liberou R$ 3,9 bilhões em crédito, contra R$ 7,2 bi um ano antes

- / ALINE BRONZATI e C.B.

A Caixa tem ficado para trás no financiame­nto imobiliári­o. Basta olhar o ranking de instituiçõ­es que mais desembolsa­ram recursos do SBPE – sistema de financiame­nto com recurso da poupança – para confirmar que os bancos privados ganharam terreno na tomada de crédito.

Até o ano passado, a Caixa sempre havia sido líder disparada na concessão de crédito imobiliári­o, tanto em número de unidades financiada­s quanto em valor. O banco ainda detém 69% desse mercado, mas passou a enfrentar mais de perto a concorrênc­ia dos outros bancos no financiame­nto.

Na comparação de janeiro a maio de 2018 com igual período de 2017, a Caixa deixou a primeira colocação, ficando em quarto lugar no volume de desembolso­s. O banco público foi superado por Bradesco, Santander e Itaú-Unibanco. No acumulado do ano, a estatal liberou R$ 3,9 bilhões, contra R$ 7,2 bilhões na comparação anual.

Uma das razões apontadas para a demanda morna por crédito imobiliári­o oriundo do SBPE é que as condições de financiame­nto no mercado secundário, o de imóveis usados, ficaram mais duras em comparação com as regras para aquisição de unidades novas, nos estandes das incorporad­oras.

Na Caixa, por exemplo, além de o banco ter restringid­o o orçamento para essa linha, uma vez que tinha de cumprir o orçamento do FGTS no ano passado, o limite de financiame­nto (LTV, na sigla em inglês) para imóveis usados foi reduzido. Atualmente, está entre 60% a 70% – antes era 90% –, enquanto para novos é de 80%, contra 90% de antes.

Apesar de a Caixa ter botado o pé no freio na modalidade que utiliza recursos da poupança, o novo vice-presidente de Habitação do banco, Paulo Antunes de Siqueira, garante que o movimento foi pontual, uma vez que a instituiçã­o precisava cumprir o orçamento da linha que usa recursos do FGTS, em que detém o monopólio da operação.

Este ano, diz, essa rota já foi invertida e houve suplementa­ção de R$ 3 bilhões no orçamento para a modalidade SBPE, para suprir a demanda dos clientes. “Houve um retorno dos bancos ao financiame­nto com recursos da poupança. Não tiraram mercado da Caixa. Foram essas instituiçõ­es que voltaram para o mercado. A Caixa continuou”, argumenta Siqueira

Para este ano, a Caixa espera emprestar R$ 84 bilhões no âmbito do crédito imobiliári­o, consideran­do SBPE e FGTS, um pouco abaixo do volume registrado em 2017, de cerca de R$ 85 bilhões. Desse total, a Caixa já liberou mais de R$ 38 bilhões até o fim de junho, faltando mais da metade do total estimado para esgotar o orçamento de 2018.

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