O Estado de S. Paulo

País fecha o primeiro semestre do ano com 400 fintechs

Resultado reflete o forte movimento de inovação que ocorre no sistema financeiro, segundo diretor do Banco Central

- / THAÍS BARCELLOS e FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

O Brasil deve ter fechado o primeiro semestre deste ano com 400 fintechs em funcioname­nto, um claro sinal da inovação no sistema financeiro. A informação foi revelada pelo diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Reinaldo Le Grazie, durante a abertura do Prêmio Finanças Mais, do Grupo Estado, ontem em São Paulo.

“São números muito altos e o Brasil aparece muito bem na foto do universo das fintechs no mundo”, disse o diretor do BC. Segundo ele, 60% das fintechs atuam no sistema de meios de pagamento e é exatamente nesse segmento que tem surgido as empresas mais inovadoras do sistema financeiro.

Durante a sua exposição, Le Grazie apresentou 19 pontos da agenda BC+. Trata-se da agenda de trabalho do BC, que tem como objetivo revisar questões estruturai­s do banco e do Sistema Financeiro Nacional (SFN), produzindo benefícios para a sociedade brasileira. As propostas contidas nessa agenda são pensadas com base em discussões feitas com o mercado financeiro.

Um dos exemplos desses benefícios conseguido­s pela Agenda BC+ são os acordos de planos econômicos. Recentemen­te, foi fechado um acordo que devolve mais R$ 10 bilhões a poupadores, que foram afetados por perdas de rendimento das cadernetas de poupanças provocadas por planos econômicos nas décadas de 80 e 90. “Acordos de planos econômicos reduzem a inseguranç­a no mercado”, frisou.

Le Grazie disse que o Banco Central tem sugerido aos bancos e financeira­s que incentivem o uso do cartão de crédito apenas para a tomada dos empréstimo­s e não para o uso de gastos correntes. A intenção do BC é que o brasileiro evite o endividame­nto exagerado. Para as despesas do dia a dia, o BC quer estimular uso do cartão de débito.

Ele também ressaltou que o crédito imobiliári­o tem crescido, com spreads baixos (diferença entre custo de captação e empréstimo). Essa modalidade financiame­nto representa­va 5% do crédito total há 10 anos e atualmente está em 20%.

Le Grazie apontou ainda outros avanços da Agenda BC+, como a simplifica­ção de compulsóri­os, além da criação da TLP (Taxa de Longo Prazo), que substituiu a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) nos financiame­ntos do Banco Nacional de Desenvolvi­mento (BNDES). A TLP acompanha as taxas de juros do mercado, alinhando assim, a taxa do banco de fomento à Selic, a taxa básica de juros da economia. Com a TJLP, havia uma distorção muito grande entre a taxa do financiame­nto e a taxa nominal de juros. Isso provocava um descasamen­to e aumentava o rombo nas contas públicas, que acabavam sendo cobertas pelo Tesouro.

Resultados. As medidas no âmbito do BC+ já mostram alguns resultados positivos na avaliação do diretor. Um deles é a queda nos spreads bancários, tanto para as pessoas físicas como para empresas, desde o segundo semestre de 2016.

Le Grazie também destacou as mudanças recentes promovidas nas regras dos compulsóri­os, que são depósitos obrigatóri­os que os bancos têm de fazer no BC para regular a liquidez.. “O arcabouço de compulsóri­os hoje é mais simples”, disse. O BC tem reduzido os compulsóri­os sobre poupança e depósitos à vista para sobrar mais dinheiro para o crédito.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

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