‘Acervo está previsto para 2019’
Laura Escorel, Designer e pesquisadora
“Iniciado em abril de 2018, o Projeto de Organização do Acervo Pessoal de Antonio Candido e Gilda de Mello e Souza tem por objetivo o processamento técnico dos documentos doados pela família ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. A etapa de higienização já foi concluída, os trabalhos de reparo e classificação iniciados, e a conclusão da descrição documental está prevista para dezembro de 2019, quando o acervo será disponibilizado para consulta pública.
O trabalho de preservação e difusão deste acervo se coloca, para além da relevância da produção intelectual de ambos os professores, como um exercício para a construção de uma cultura que valorize a memória no Brasil, prática que muitas vezes nos permita rever as narrativas oficiais, iluminando pontos que esta buscou apagar.”
que depois o País inteiro copiaria, às dezenas senão às centenas. Ali desenvolveria seu trabalho docente mais importante, dando cursos e orientando teses, preparando discípulos que depois retransmitiriam seus ensinamentos.
Cidadão consciente, sua folha de serviços é admirável, e não se restringe nem ao literário nem ao acadêmico. Foi presidente da Cinemateca, em duas gestões. Foi membro do comitê editorial da revista Argumento, fechada pela ditadura. Integrou a Comissão de Justiça e Paz, criada por D. Paulo Evaristo Arns. Foi cofundador do Partido dos Trabalhadores e presidente da editora da Fundação Perseu Abramo. O rol é interminável.
Seu escritor predileto era Proust, de quem se dizia “fanático” e a quem dedicava a mais recheada das estantes de sua biblioteca. Melômano, em matéria de música tinha um fraco pela ópera e pela moda caipira. Infenso a agremiações mas fiel a suas origens mineiras, a única de que aceitou participar foi a Academia Poços-Caldense de Letras. Devendo escolher o patrono da Cadeira 21, indicou sua professora de ginásio D. Maria Ovídia Junqueira, que lhe revelara as belezas da Bíblia e de Shakespeare, a que se apegaria para sempre. Num tal preito de gratidão figura em alto-relevo o sinete do mestre. PROFESSORA EMÉRITA DA FFLCH-USP
LAURA ESCOREL, SUPERVISORA DO PROJETO DE ORGANIZAÇÃO DO ACERVO PESSOAL DE ANTONIO CANDIDO E GILDA DE MELLO E SOUZA NO IEBUSP E COCURADORA DA ‘OCUPAÇÃO’