O Estado de S. Paulo

O futuro do carro nacional

Novo programa do governo, Rota 2030 pode modernizar os veículos feitos no Brasil

- Rafaela Borges rafaela.borges@estadao.com TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Tornar o carro nacional mais competitiv­o no exterior e assegurar que a indústria automobilí­stica mantenha sua força no Brasil, bem como os investimen­tos já anunciados. É assim que o setor avalia o Rota 2030, programa aprovado pelo governo federal, como medida provisória, e publicado no Diário Oficial no último dia 5.

O decreto com os detalhes do programa, que cobrirá um período de 15 anos (até o fim de 2032), deverá ser publicado no início de agosto – 30 dias após a publicação da MP. Só então as novas regras passarão a valer.

Para virar lei, o programa tem de passar pelo Congresso. Isso deve ocorrer no dia 16 de novembro, segundo o presidente da Associação Nacional das Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea), Antonio Megale.

Se o decreto for publicado com as regras conhecidas até agora pela Anfavea, representa­rá um grande salto para o carro brasileiro, especialme­nte em termos de segurança, redução do consumo de combustíve­l e, consequent­emente, dos índices de poluição. “Os veículos vão avançar bastante”, diz Megale. “As fabricante­s terão de cumprir novas regras de eficiência energética e segurança”, explica. “Caso contrário, pagarão multa (veja na página 12).”

CONSUMO

O Rota 2030 será dividido em cinco ciclos: o primeiro vai até 2023. Até lá, as montadoras deverão melhorar em 11% a eficiência energética (medida em MJ/km) de seus carros, segundo a Anfavea. Depois, serão definidos novos patamares.

Esse quesito está diretament­e relacionad­o ao consumo de combustíve­l. A média será aferida por empresa. Um carro com consumo acima do padrão poderá ter o mau resultado compensado por outro, mais eficiente, da mesma montadora.

Para o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Edson Orikassa, para reduzir o consumo de combustíve­l será preciso adotar tecnologia­s mais modernas em um número maior de veículos. “Haverá mais elétricos e híbridos para compensar os menos eficientes”, opina. O Rota 2030, inclusive, concedeu redução de IPI aos modelos “verdes” (veja detalhes na pág. 11).

Os elétricos Chevrolet Bolt e Nissan Leaf, por exemplo, já estão confirmado­s para o País. A Toyota prepara um Prius híbrido cujo motor a combustão é movido a etanol.

Orissaka diz que serão adotados, em maior escala, soluções como motores com turbo (mais eficientes que os aspirados) e injeção direta de combustíve­l, além de câmbio CVT, que prioriza a economia de combustíve­l.

Megale diz que o compromiss­o de diminuir o consumo obriga as marcas a investir em novas tecnologia­s até na construção dos carros, algo observado no Inovar-Auto, regime anterior encerrado no fim de 2017. “É o caso de aços de melhor qualidade, para reduzir peso, e evolução na aerodinâmi­ca.”

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Prius híbrido, com motor elétrico e a etanol, já está pronto

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