O Estado de S. Paulo

Volks dá férias coletivas após queda de exportação

Freio. Além da redução das vendas para a Argentina, desacelera­ção do mercado brasileiro nos últimos dois meses também motivou adoção da medida, que deverá afetar trabalhado­res da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a partir do fim de agosto

- Cleide Silva André Ítalo Rocha

A queda das exportaçõe­s para a Argentina e o cresciment­o menor do que o esperado para as vendas no mercado interno, principalm­ente após a greve dos caminhonei­ros, já estão levando montadoras a rever o ritmo de produção que vinha sendo acelerado desde o início do ano.

A Volkswagen vai dar férias coletivas de um mês para cerca de mil funcionári­os da sua maior fábrica no País, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde são produzidos dois dos modelos mais vendidos da marca, o Polo e Virtus.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, o primeiro grupo de mil funcionári­os entrará em férias no dia 21 de agosto. Está prevista a dispensa de outros quatro grupos em quantidade e datas a serem definidos. Procurada, a direção da Volkswagen não quis comentar o assunto.

Dirigentes do sindicato afirmaram que a justificat­iva para as férias é a queda das vendas no mercado interno e a suspensão de pedidos da Argentina, país que fica com 70% de toda a exportação brasileira de veículos.

Em recente entrevista, o presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, afirmou que o mercado vai crescer um pouco menos do que se esperava. “Antes achávamos que as vendas totais do mercado chegariam a algo entre 2,5 milhões e 2,55 milhões de unidades. Agora, esperamos algo entre 2,45 milhões e 2,5 milhões de unidades.”

Segundo ele, o motivo não é só a greve. “A Copa do Mundo também afetou, com o fluxo nas lojas caindo nos primeiros dez dias de julho”. Além disso, disse o executivo, possíveis efeitos da eleição devem chegar durante a campanha, “de forma positiva ou não”. O câmbio também é um ponto de atenção.

Ele citou ainda que a produção destinada à Argentina está sendo compensada com outros países, como Chile e Colômbia. Segundo o executivo, somando todos os destinos, a marca vai exportar cerca de 6 mil veículos a menos do que previa inicialmen­te.

A Volkswagen é a maior exportador­a do setor automotivo e, no ano passado, vendeu 163 mil veículos para diversos países, especialme­nte da América do Sul.

Projeções refeitas. No início do mês, a Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea) reviu as projeções de vendas externas do setor de 800 mil para 766 mil unidades neste ano, ou seja, 34 mil a menos.

O cresciment­o para a produção, antes previsto em 13,2%, foi revisado para 11,9%, para 3,02 milhões de unidades. Já a projeção para vendas internas foi mantida em 2,5 milhões de unidades (11,7% a mais que em 2017), embora a intenção da Anfavea, antes da greve, era de rever essa previsão para cima.

Outras sete montadoras consultada­s ontem informaram não ter, por enquanto, planos de parar as fábricas ou dar férias coletivas no momento.

A General Motors informou que a fábrica de Gravataí (RS) suspenderá a produção entre os dias 30 de julho e 5 de agosto, “para adequação da linha visando a implantaçã­o de novas tecnologia­s”.

A Toyota informou que fará paradas programada­s para manutenção, como faz anualmente. Os trabalhado­res da Honda voltaram recentemen­te de um período de 10 dias de folgas e terão novo período de 10 dias de descanso no final do ano, também seguindo um cronograma tradiciona­l na empresa.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-15/5/2018 Previsão. Sindicato dos metalúrgic­os diz que VW poderá fazer outras paradas até o fim de 2018; empresa não comenta
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