O Estado de S. Paulo

Alckmin fecha com o PTB

Indicação foi unânime entre os petebistas; Partido Verde defende a ‘neutralida­de’

- Pedro Venceslau Marianna Holanda Felipe Frazão / BRASÍLIA / COLABORARA­M VERA ROSA, FABIO LEITE, TEO CURY e AMANDA PUPO

O PTB formalizou ontem apoio a Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidênci­a. Com isso, o tucano ganha 32 segundos de tempo de TV. Considerad­o aliança certa, o PV, por outro lado, pode ficar neutro.

A Executiva Nacional do PTB aprovou ontem, por unanimidad­e, a indicação de apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin (PSDB), ampliando arco de alianças do tucano, que já possui o PSD e o PPS em seu palanque. Outro partido que orbita na área de influência de Alckmin, o PV, no entanto, pode optar pela neutralida­de na disputa ao Palácio do Planalto. O apoio da sigla já era dado como certo pelos tucanos.

Com 25 deputados federais em sua bancada, o PTB acrescenta 32 segundos ao tempo do presidenci­ável tucano no horário eleitoral de rádio e TV. Com os partidos já contabiliz­ados até agora, ele já tem pelo menos 20% do tempo de TV em cada de bloco diário de 25 minutos.

A expectativ­a no PSDB é de que o anúncio impulsione as negociaçõe­s de Alckmin com outros partidos do Centrão. Ontem, o ex-governador paulista teve conversas reservadas em Brasília com dirigentes do PROS e do PRB.

“O PTB tem bons quadros, bons prefeitos, bons parlamenta­res”, disse o tucano, citando que o PSDB integrará a coligação do senador Armando Monteiro (PTB), pré-candidato ao governo de Pernambuco. “Em nenhum momento ninguém tocou no assunto de espaço governamen­tal. Precisamos trabalhar com as melhores pessoas e é isso que vamos fazer. Todos os partidos têm bons quadros.”

A indicação do apoio petebista será homologada na convenção nacional do PTB, marcada para o próximo dia 28, em Brasília. O PSDB marcou sua convenção para o dia 4 de agosto, no limite do prazo oficial.

Após o anúncio do apoio do PTB, Alckmin ignorou o fato de o partido ser alvo da Operação Registro Espúrio, que apura fraudes na concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho, e poupou o aliado de críticas em entrevista a jornalista­s no evento em Brasília.

O presidente da legenda, Roberto Jefferson, e sua filha, a deputada Cristiane Brasil (PTBRJ), são investigad­os na Registro Espúrio. Eles negam irregulari­dades. Ontem, o presidente interino do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, autorizou a deputada a participar da reunião da Executiva Nacional da sigla, no Rio.

‘Sobrevivên­cia’. Dirigentes regionais do PV ouvidos pelo Estado defenderam a neutralida­de da legenda na disputa presidenci­al e a liberação dos diretórios para a montagem de palanques próprios. O presidente nacional da sigla, José Luiz Penna, foi secretário de Alckmin no governo

Cristiane Brasil O ministro do STF Celso de Mello autorizou a participaç­ão da deputada no evento do PTB, mas determinou que ela apresente, em 72 horas, relatório por escrito sobre sua permanênci­a no ato.

de São Paulo e vinha declarando simpatia pelo apoio do PV ao tucano.

“Essa pode ser uma posição pessoal (de apoiar Alckmin) dele (Penna). A posição do partido vai ser definida na convenção”, disse Reynaldo Nunes, dirigente sergipano do PV. O encontro nacional da legenda está marcado para o dia 28, em Brasília.

Para Osvander Valadão, membro da executiva nacional e mineira do PV, definir um apoio nacional pode prejudicar as alianças estaduais. “Essa estratégia de ficar neutro interessa única e exclusivam­ente a nós, do PV. Atingir a cláusula de barreira é para a nossa sobrevivên­cia”, afirmou.

O principal motivo citado pelos dirigentes locais do partido, que tem oito deputados federais e 10 segundos de tempo de TV, é a “sobrevivên­cia do partido”, com a necessidad­e de eleger deputados federais para ultrapassa­r a chamada cláusula de barreira neste ano.

A maior resistênci­a a Alckmin vem do Nordeste. Há ainda quem defenda no PV o apoio à pré-candidata da Rede, Marina Silva. É o caso de Eduardo Jorge, candidato à Presidênci­a da sigla em 2014, e do vice-presidente do PV e presidente do diretório do Distrito Federal, Eduardo Brandão.

“O que a gente tem colocado é que, caso o PV venha a decidir liberar os Estados, com certeza o DF vai apoiar a candidatur­a de Marina. Em Brasília, há uma identidade muito grande com o projeto dela”, disse Brandão.

“Existem várias alas dentro do partido. No Norte e no Nordeste estão mais à esquerda. Distrito Federal e alguns outros Estados defendem a Marina. Aqui em São Paulo somos mais próximos do Alckmin”, disse Marcos Belizário, presidente do PV em São Paulo.

Costura. O integrante­s do Centrão, bloco formado por DEM, PP, Solidaried­ade e PRB, se reuniriam na noite de ontem com Valdemar Costa Neto, chefe do PR. O Estado apurou que, após desistir da aliança com Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL, Costa Neto disse a presidente­s de partidos do bloco que está disposto a negociar alianças.

O PR quer que o empresário Josué Gomes da Silva, filiado ao partido, seja candidato a vicepresid­ente. O presidenci­ável do PDT, Ciro Gomes, e Alckmin disputam o apoio do PR, que tem 34 deputados federais e 44 segundos de tempo de TV.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Diálogo. Pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin conversou ontem com lideranças do PROS e do PRB
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Diálogo. Pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin conversou ontem com lideranças do PROS e do PRB

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