Indicadores de emprego da FGV mostram baque
A queda revelada pelos Indicadores do Mercado de Trabalho do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) relativos a junho foi particularmente intensa, acendendo uma luz amarela no tocante às perspectivas de recuperação mais rápida do emprego no segundo semestre. Os números traduzem o impacto sobre o emprego decorrente do fraco comportamento dos setores industrial e de serviços.
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu 5,6 pontos, de 101,1 pontos em maio para 95,5 pontos em junho. Foi a quarta queda mensal consecutiva do indicador, que recuou 14,1 pontos entre fevereiro e junho deste ano, ou seja, 12,9%. Em 12 meses, a queda foi de 1,4%.
O recuo mostra a perda de confiança numa “maior geração de emprego ao longo dos próximos meses”, afirmou o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre-FGV. O crescimento está abaixo do “previamente esperado” e, com isso, a consequência deverá ser “uma menor contratação” de pessoas, enfatizou o economista.
Também foram desfavoráveis os dados do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que aumentou pelo segundo mês consecutivo e voltou aos níveis de fevereiro deste ano. O índice tem mostrado relativa estabilidade em relação ao início do ano, mostrando “que a situação atual do mercado de trabalho continua difícil, principalmente para as classes de baixa renda”, assinalou Barbosa Filho.
O ICD revelou que as faixas de renda inferior a R$ 2,1 mil mensais e superior a R$ 9,6 mil mensais foram as mais atingidas pela deterioração da economia e do emprego. A situação mais grave é a das classes de baixa renda, nas quais se localizam as famílias com menor capacidade de poupança e maior endividamento. O desemprego, neste caso, tende a atingir o consumo, já afetado pelos aumentos de preços registrados no último bimestre.
Os indicadores de emprego da FGV são construídos com base numa combinação de séries extraídas das sondagens da indústria, de serviços e do consumidor. Refletem, portanto, a intensidade da desaceleração que atingiu quase toda a economia brasileira em decorrência da greve dos transportadores. A produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, mostrou queda de 10,9% entre abril e maio.