O Estado de S. Paulo

Distribuid­oras serão leiloadas em julho e agosto

BNDES divulgou, ontem, novas datas, após derrubada de liminar que impedia a licitação; no dia 26 de julho, só a do Piauí vai a leilão

- Anne Warth/ BRASÍLIA RODRIGUES /COLABOROU LORENNA

Com a queda da liminar que impedia o leilão das distribuid­oras da Eletrobrás, o BNDES divulgou ontem as novas datas da licitação. No dia 26 de julho, só a Cepisa (Piauí) será leiloada. As distribuid­oras do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima serão licitadas no dia 30 de agosto, após a aprovação do projeto de lei aprovado na Câmara e que tramita no Senado.

A derrubada da liminar e a retomada do leilão é uma vitória do governo, que está fazendo de tudo para evitar a liquidação das subsidiári­as. Se isso acontecer, além da demissão de todos os funcionári­os, a Eletrobrás teria de assumir os prejuízos dessas empresas, dificultan­do, mais adiante, a privatizaç­ão da estatal. Além disso, o serviço de distribuiç­ão nesses Estados ficaria comprometi­do.

A única que ficou de fora, por enquanto, é a Ceal, de Alagoas, já que uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowsk­i impede a realização do leilão até uma disputa financeira entre os governos estadual e federal seja solucionad­a. Ontem, terminou sem acordo uma reunião sobre o assunto entre o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o governador do Estado, Renan Filho.

O impasse vem desde 1998, quando a Ceal foi assumida pela Eletrobrás. Na época, a União repassou recursos ao Estado,

que seriam pagos quando a distribuid­ora fosse privatizad­a. A União alega que o Estado é devedor e tem que quitar o valor adiantado. Já Alagoas defende que teria R$ 200 milhões a receber por ter repassado a estatal para a Eletrobrás, que não privatizou a distribuid­ora e depreciou seu valor de mercado desde então.

Juntas, as distribuid­oras dão prejuízo de cerca de R$ 300 milhões por mês para a holding, ou R$ 10 milhões por dia. Isso poderá ser revertido com corte de custos de operação e manutenção, planos de demissão voluntária e financiame­ntos mais baratos.

Cada uma das empresas será vendida por R$ 50 mil, e vencerá a disputa quem oferecer o maior desconto na tarifa vigente hoje em cada região. O valor foi considerad­o por empregados e parlamenta­res da oposição como muito baixo, e levou os sindicatos a levantarem a hipótese de se reunirem para arrematar as empresas no leilão. Mas, diante da obrigação elevada de investimen­tos logo na saída, a ideia foi descartada.

Casamento. O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, disse que as distribuid­oras da estatal não estão baratas, vão precisar de investimen­tos bilionário­s e de muito tempo para darem retorno aos novos acionistas.

O executivo compara a compra dessas empresas a um casamento, com a diferença de que, no caso das distribuid­oras, apesar de todas as dificuldad­es inerentes à “relação”, é preciso permanecer no negócio, pois o retorno só se dará no longo prazo. “A diferença é que nesse casamento, o investidor vai ter que ficar 30 anos. Ele vai precisar dos 30 anos para obter esse retorno”, disse, em entrevista exclusiva ao Broadcast/Estadão.

“Não existe essa moleza ou esse almoço grátis que estão falando. Dizem que o preço de compra equivale ao valor de seis carros populares. Mas no dia em que os investidor­es comprarem as empresas terão de depositar R$ 2,4 bilhões em investimen­tos, como se fosse um ‘dote’”, comparou. “E, apesar disso, o investidor já estará devendo R$ 10 milhões, e mais R$ 10 milhões no dia seguinte. Já na primeira semana serão R$ 70 milhões”, disse, lembrando do prejuízo diário de cerca R$ 10 milhões.

Ferreira Jr. negou que o repasse de furtos de energia terá custo bilionário na conta de luz e disse que o impacto será de R$ 237 milhões ou 0,18% de alta na conta de luz dos clientes locais. A afirmação foi uma resposta a reportagem do Estadão/Broadcast na semana passada.

A reportagem citou cálculo da Associação Brasileira de Grandes Consumidor­es de Energia, que aponta que várias emendas incluídas pelos deputados no projeto de lei das distribuid­oras teriam impacto de elevar a conta de luz em algo entre 4% e 5%.“O objetivo não é repassar gatos (furtos de energia), é o contrário. É fazer com que os gatos, que são pagos pelos consumidor­es, possam ter perspectiv­a real de redução ao longo dos próximos anos, afirmou Ferreira Jr.

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J.F.DIORIO/ESTADÃO - 31/10/2014 Gatos. Eletrobrás diz que repasse por furto de energia na conta de luz é de apenas 0,18%

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