O Estado de S. Paulo

Encontro entre Mercosul e UE fica sem acordo

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

Terminou sem consenso a reunião de ministros para discutir o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ontem em Bruxelas, na Bélgica. Um novo encontro, que não estava previsto na agenda inicialmen­te, foi marcado para hoje, mas a avaliação de representa­ntes do governo brasileiro é que dificilmen­te um acordo será fechado desta vez.

Segundo fontes do governo brasileiro, os representa­ntes europeus se mostraram irredutíve­is em relação às exigências feitas para a área agrícola, como a determinaç­ão de cotas de importação de produtos como carne e etanol do Mercosul, o longo prazo de redução de tarifas e a cobrança de tarifas mesmo dentro das cotas.

A proposta defendida pela União Europeia é praticamen­te a mesma apresentad­a em janeiro deste ano e as autoridade­s que participar­am da reunião não demonstrar­am intenção de ceder, o que inviabiliz­aria um consenso, na visão dos integrante­s do Mercosul.

O governo brasileiro tinha esperanças de que ao menos um pré-acordo seria firmado neste encontro, com os principais pontos já fechados, faltando só o detalhamen­to técnico. Pode ter sido a última chance de bater o martelo no governo de Michel Temer. A preocupaçã­o é que, com o início da campanha eleitoral no Brasil, novas negociaçõe­s não sejam possíveis e a conclusão do acordo fique para o próximo presidente.

Sete ministros dos países do Mercosul foram a Bruxelas com mandato para fechar um acordo “equilibrad­o”, o que, para o bloco, significar­ia uma redução das exigências feitas pelos europeus na parte agrícola.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, os ministros do bloco sul-americano sinalizara­m que poderiam melhorar a proposta já apresentad­a para temas em que os europeus exigiam maiores vantagens, como reduzir o prazo para zerar tarifas na venda de veículos para o Mercosul.

Além disso, poderiam aceitar uma lista de produtos com denominaçã­o de origem. Com isso, produtos como queijo parmesão e conhaque só poderiam ser vendidos sob esses nomes se fossem feitos nas regiões europeias em que foram criados.

Os sul-americanos, no entanto, deixaram claro que qualquer movimentaç­ão nessas áreas estaria condiciona­da à melhora da proposta agrícola da comissão europeia. “Não encontramo­s a mesma disposição do lado europeu, o equilíbrio não existe. O cenário não é muito animador”, admitiu um dos participan­tes da reunião, sob condição de anonimato.

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