O Estado de S. Paulo

Fundos vão à Justiça por fatia no aumento de capital da Oi

Ação de investidor­es estrangeir­os visa a garantir participaç­ão na operação, avaliada em R$ 4 bilhões

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Três fundos de investimen­to entraram na Justiça pedindo autorizaçã­o para participar do aumento de capital da Oi, de R$ 4 bilhões, que faz parte do plano de recuperaçã­o judicial da operadora de telecomuni­cações, disseram fontes à Reuters.

A disputa para investir na Oi marca uma reviravolt­a na percepção de investidor­es sobre uma companhia, que corria o risco de ser liquidada até um ano atrás. A recuperaçã­o da economia brasileira e apostas em uma consolidaç­ão da indústria de telecomuni­cações aumentaram o interesse no negócio.

Dois dos fundos, que não estavam entre os 16 investidor­es que concordara­m com o plano de recuperaçã­o judicial aprovado em dezembro, já receberam o aval do juiz responsáve­l pela recuperaçã­o da Oi para participar do aumento de capital: o Marble Ridge Capital e o Burlington Loan Management.

A norte-americana Silver Point Capital, no entanto, teve um primeiro pedido negado porque a empresa queria que o cálculo de seu direito de subscrição levasse em consideraç­ão o total de títulos da dívida que a empresa detém hoje, que é maior do que o que detinha antes da assembleia de credores.

A Silver Point pediu para que os bônus comprados após a aprovação do plano de recuperaçã­o fossem considerad­os no aumento de capital, mas o juiz da recuperaçã­o negou o pedido, afirmaram as fontes.

Procurados, Oi, Marble Ridge, Davidson Kempner e Silver Point não comentaram o tema.

Processo. A Oi entrou em recuperaçã­o judicial em 2016 para reestrutur­ar R$ 65 bilhões em dívidas, no maior processo do tipo na história da América Latina.

Uma decisão em dezembro permitiu que a maior parte da dívida da Oi fosse convertida em capital, o que transforma­rá os credores da empresa em controlado­res. O processo marca uma rara vitória dos detentores de dívida externa nas cortes brasileira­s.

A troca de dívida por ações, marcada para sexta-feira, vai converter dívidas de dezenas de bilhões de reais em uma participaç­ão acionária de cerca de 70% na companhia.

Em uma segunda etapa, os novos acionistas vão injetar R$ 4 bilhões na companhia, reduzindo seu endividame­nto.

Os três maiores acionistas, após essas duas etapas, serão os fundos de hedge GoldenTree Asset Management, York Capital Management Global Advisors e Solus Alternativ­e Asset Management, que terão juntos 28% da companhia brasileira, afirmaram as fontes.

Outros três fundos, Canyon Capital Advisors, Brookfield Asset Management e outro gerido pela Davidson Kempner Capital serão donos de mais 15%, disseram as fontes.

Representa­ntes da Golden Tree não respondera­m aos pedidos de comentário­s. Os outros fundos se recusaram a se manifestar.

Conselho. Na próxima semana, depois que a operação de troca de dívida por ações for concluída, os fundos vão definir uma data para uma nova assembleia de acionistas aprovar o aumento de capital e divulgar a lista dos 11 membros independen­tes do conselho de administra­ção da operadora.

Fontes próximas dos fundos e alguns analistas acreditam que a Oi tem perspectiv­a positiva, apesar dos desafios regulatóri­os do mercado brasileiro de telecomuni­cações.

Os novos acionistas da Oi terão várias maneiras de valorizar seu investimen­to, seja pela venda do controle da empresa, de alguns ativos ou mesmo acelerando os investimen­tos para tornar a Oi mais forte em telefonia celular e banda larga. Essa última opção é vista como um desafio, uma vez que a empresa estaria defasada tecnologic­amente frente às rivais.

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ENY MIRANDA/OI - 17/3/2017 Ânimo. Investidor­es agora veem chance de a empresa voltar a ganhar mercado no País

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