O Estado de S. Paulo

Orçamento tem folga de R$ 600 milhões

Governo encontrou espaço pequeno para aumentar despesas neste ano; R$ 9 bilhões que seriam repassados a órgãos federais estão congelados

- Adriana Fernandes/ BRASÍLIA

A equipe econômica encontrou uma “folga” de cerca de R$ 600 milhões para aumentar as despesas neste ano. Repasses de R$ 9,1 bilhões, que seriam destinados a ministério­s e órgãos federais, estão congelados.

O governo passou o dia de ontem revisando as projeções de despesas para este ano com o objetivo de liberar parte dos R$ 9,1 bilhões que estão bloqueados no Orçamento – esses recursos seriam destinados a ministério­s e outros órgãos federais, mas estão congelados. No fim das contas, a equipe econômica encontrou uma pequena folga de cerca de R$ 600 milhões no Orçamento. A estratégia até ontem à noite era guardar esses recursos e decidir depois como liberá-los no dia a dia.

Segundo fontes da área econômica ouvidas pelo Estadão/Broadcast, esse cenário pode mudar antes do governo fechar o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, que será encaminhad­o hoje ao Congresso. A liberação, embora pequena, é importante, segundo técnicos da área econômica, para dar mais fôlego a áreas do governo que estão passando por dificuldad­es com um orçamento muito apertado.

Ontem, a área técnica teve várias reuniões para definir os detalhes do relatório. À tarde, se encontrara­m os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia; Planejamen­to, Esteves Colnago; e Casa Civil, Eliseu Padilha. Juntos eles formam a Junta de Execução Orçamentár­ia (JEO), órgão responsáve­l por definir os rumos do Orçamento.

Em relação à meta que permite rombo de até R$ 159 bilhões nas contas neste ano, a folga total é de cerca de R$ 1,8 bilhão por causa do aumento da previsão de receitas. Mas como o governo precisa cumprir outra regra, a do teto de gastos (que proíbe o aumento das despesas acima da variação da inflação), não pode usar todo o espaço com qualquer de tipo de gasto. Só ficam fora do limite do teto créditos extraordin­ários, recursos para Justiça Eleitoral e capitaliza­ção de empresas estatais (como a da Caixa, informada na B1).

Até o início da semana, a expectativ­a era de uma liberação maior com base em revisão para baixo de despesas com o pagamento de benefícios da Previdênci­a, mas os números mudaram um pouco. Um dos problemas é definir quem vai receber os recursos.

Em maio, o governo liberou R$ 2 bilhões, reduzindo para R$ 9 bilhões o valor bloqueado. Na época, o ministro do Planejamen­to, Esteves Colnago, fez questão de ressaltar que o Orçamento de 2018 estava “exatamente no limite do teto de gastos”. Ele alertou na ocasião que havia ainda riscos fiscais envolvidos, o principal deles a renegociaç­ão do Simples.

Repasse. Da liberação de R$ 2 bilhões, R$ 550 milhões foram destinados ao Programa de Aceleração do Cresciment­o, R$ 400 milhões para o ministério da Educação e R$ 180 bilhões para o ministério de Desenvolvi­mento Social.

A revisão das despesas é necessária para abrir espaço para a liberação porque o teto de gasto estava próximo de atingir o seu limite. Depois da implantaçã­o da regra do teto, não basta mais um aumento de receita para a liberação dos gastos.

Do lado das receitas, a previsão de arrecadaçã­o de impostos e contribuiç­ões federais cobrados pela Receita Federal deve ficar superior ao previsto anteriorme­nte. A equipe econômica também vai subir a previsão de receitas de royalties de petróleo puxada pela alta do dólar e de preços. A expectativ­a é de uma elevação entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-29/5/2018 ?? Relatório. Guardia se reuniu ontem com outros ministros para avaliar Orçamento
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-29/5/2018 Relatório. Guardia se reuniu ontem com outros ministros para avaliar Orçamento

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