EUA querem nova eleição na Nicarágua
Americanos ameaçam o governo de Ortega com sanções caso não haja votação em 2018
O governo dos Estados Unidos afirmou ontem que “todas as cartas estão na mesa” em relação à Nicarágua e apenas a convocação de novas eleições e a saída de Daniel Ortega da presidência poderão evitar novas sanções ao governo nicaraguense.
O líder nicaraguense denunciou ontem à noite uma conspiração para tirá-lo do poder e acusou os bispos locais de serem golpistas, afirmação que tende a afastar a Igreja do papel de mediadora no conflito. “Eles (bispos) se desqualificaram como mediadores”, afirmou Ortega no primeiro dia de celebração dos 39 anos da Revolução Sandinista. Ortega falou em Manágua para uma multidão que ainda o apoia, apesar da onda de violência que já deixou 285 mortos e 1,5 mil feridos, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ortega qualificou os protestos, iniciados em abril, como “satânicos”.
Uma semana depois de aplicar sanções contra diferentes autoridades sandinistas, e depois da violência do governo na retomada de redutos de opositores em Masaya, Washington exortou México, Canadá e a União Europeia a também adotarem medidas contra Ortega. Pelo menos três autoridades do governo já tiveram bens e aplicações financeiras bloqueados nos EUA.
“A campanha brutal de violência de Ortega deve cessar imediatamente”, afirmou ontem o embaixador Todd Robinson, conselheiro para assuntos da América Central do Departamento de Estado americano. “Para garantir a paz duradoura devem ser feitas, o mais cedo possível, eleições livres e transparentes.”
Robinson comparou a situação na Nicarágua com a da Venezuela, um dos poucos aliados do regime nicaraguense. “O regime de Ortega está esmagando seu próprio povo como faz Nicolás Maduro na Venezuela”, disse. “São civis, gente que está protestando contra as ações de seu governo, e tem o direito constitucional de fazê-lo.”