O Estado de S. Paulo

‘Fiz o procedimen­to na minha casa. Sinto uma dor insuportáv­el...’

- DEPOIMENTO A MARCIO DOLZAN /

“Fiz um procedimen­to com ele há uns dois anos, conheci por indicação de uma amiga, uma semana depois, entrei em contato para saber como funcionava. Falei com a Renata, a secretária, namorada dele, e ela pediu foto do meu bumbum para fazer uma avaliação, por WhatsApp mesmo, e passar o valor. Mandei a foto às 18 horas e na manhã seguinte, às 8 horas, ela me respondeu.

Eu não sabia como funcionava ou sobre esse tipo de silicone para o bumbum. Foi uma loucura da minha cabeça. Meu marido não sabia, ficou sabendo só depois. Perguntei para ele (Denis) como iria fazer, onde ficava a clínica, essas coisas. Ele me disse que atendia em vários lugares, que atendia em São Paulo, no Espírito Santo, em qualquer lugar. Perguntei se ele fazia em casa, e ele me disse que poderia ir, se eu pagasse por isso.

Fiz o procedimen­to na minha casa, ele cobrou até mais caro por isso. Gastei na faixa de R$ 24 mil. Foi ele, a Renata e uma outra moça, que eu não sei quem é. Não levaram equipament­o nenhum, e eu achei estranho. Eles chegaram com uma bolsa grande e uns negócios dentro de um saco. Eu deitei na minha cama, e foi tudo feito na minha cama mesmo. Ele me mandou comprar uma cinta, disse para eu ficar 24 horas sem banho, sem poder sentar... Foi isso que ele me orientou a fazer.

Ele não me deu recibo, nada. Eu paguei para ele e ele não me deu nenhum comprovant­e. Quando eu o procurei para reclamar – porque teve uma época que ficou muito sensível e eu não podia encostar em nada –, ele me ameaçou. Aí eu fiquei com medo, meu ex-marido ficou com medo, e a gente resolveu deixar para lá.

Fui prejudicad­a. Acabou meu casamento, perdi várias coisas por causa disso. Não vou à praia, não vou à piscina do meu condomínio, nada do que eu coloco fica bonito, a roupa fica horrível.

Já fui a vários médicos para poder tirar e ninguém quer colocar a mão. Fui numa médica, ela pediu ressonânci­a, um monte de coisa, mas ninguém quer colocar a mão. Está horrível, como se estivesse apodrecend­o. Sinto uma dor insuportáv­el, parece que está descendo para as pernas. É horrível, horrível...

Nunca tive coragem de falar nada, porque eu menti para a minha família na época. Para as minhas amigas, eu falava que tinha colocado silicone e dado rejeição, porque eu tinha vergonha de falar a verdade.

Ele falou que tinha usado o PMMA, mas a última médica que fui falou que deve ter usado silicone industrial, pelo jeito que está. Ela disse que, mesmo se ele tivesse usado o PMMA, não teria ficado assim.

Não estou fazendo nenhum tratamento, não tenho mais dinheiro. Eu me separei, fui embora com a minha filha. Isso estragou a minha vida. Voltei agora a trabalhar e estou tentando refazer a minha vida.

Estou vendo agora com outro médico, se ele consegue me ajudar. Eu quero tirar isso. Estou com problema de respiração, porque fico muito cansada. Tomara que a justiça seja feita. O que aconteceu com aquela menina (Lilian Calixto) não pode ficar assim.”

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