O Estado de S. Paulo

Retomada lenta e greve elevam a inadimplên­cia

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Cresceu a dificuldad­e dos consumidor­es de pagar em dia os compromiss­os com bancos, financeira­s, empresas de cartão de crédito, lojas e concession­árias de serviços públicos. É o que mostram pesquisas recentes do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), da Confederaç­ão Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), e da consultori­a Serasa Experian. A inadimplên­cia é um fator a mais para dificultar a retomada dos negócios, indicando que as despesas já não cabem nos orçamentos das famílias.

No final do primeiro semestre de 2018, o número de consumidor­es inadimplen­tes atingiu 63,6 milhões, cresciment­o de 4,07% em relação a igual período de 2017, segundo a CNDL. A inadimplên­cia vem aumentando desde o quarto trimestre de 2017, mostrando que as famílias parecem ter superestim­ado a velocidade de recuperaçã­o da economia, assumindo compromiss­os acima da sua capacidade de saldá-los.

Não basta que os juros tenham caído e que a inflação esteja dentro das metas, pois “a recuperaçã­o está mais lenta do que o esperado e as projeções mostram que teremos um segundo semestre ainda difícil para as finanças do brasileiro, afirmou o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.

Nada menos de 51% das pendências em aberto são com bancos e instituiçõ­es financeira­s. Entre junho de 2017 e junho de 2018, dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiame­ntos e empréstimo­s cresceram 7,62%. Seguiram-se as dívidas com o comércio, o setor de comunicaçã­o (telefonia e internet) e serviços de água e luz. A economista Marcela Kawauti, do SPC Brasil, recomenda aos consumidor­es cuidados com o efeito “bola de neve”, que pode tornar ainda mais difícil o pagamento das dívidas.

Em maio, segundo a Serasa Experian, havia 61,4 milhões de consumidor­es inadimplen­tes, 0,7% mais do que em maio de 2017. Também aumentou o número de empresas que perderam faturament­o na greve dos caminhonei­ros e ficaram inadimplen­tes.

A cada dia fica mais evidente o custo para a economia decorrente do movimento paredista, em contraste com o apoio recebido da população menos atenta para as implicaçõe­s da greve sobre a vida de empresas e famílias. A inadimplên­cia resultante das estimativa­s frustradas das pessoas sobre a evolução da sua renda e do seu acesso a emprego é apenas parte dessa conta.

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