O Estado de S. Paulo

Autoramas celebra os 20 anos com disco ‘de garagem’

Após reformulaç­ão, banda liderada por Gabriel Thomaz, ícone do rock independen­te nacional, volta à euforia

- Pedro Antunes

O brasiliens­e Gabriel Thomaz tinha seus 20 e poucos anos quando sua banda, o Little Quail and The Mad Birds, acabou. Com dois discos, o grupo era admirado no cenário independen­te que vivia do extremo “faça você mesmo” naquela década de 1990, e até viu sua música Aquela ganhar popularida­de nacional ao ser regravada pelos Raimundos. Sem banda em São Paulo, rumou para o Rio. Vinte anos atrás, formou o Autoramas, banda que mantém hasteada a bandeira do rock alternativ­o. No primeiro show deles, no Rio, dividiram a programaçã­o da casa de shows chamada Empório, em 8 de março de 1998, com Los Hermanos. “Marcelo Camelo era fã do Little Quail”, lembra Thomaz.

E embora o músico, hoje de 44 anos, seja bom de papo e é um espécime raro quando o assunto é conhecimen­to do rock independen­te desde os anos 1990 (inclusive lançou o quadrinho Magnéticos 90, com ilustraçõe­s de Daniel Juca, imperdível para quem quer se iniciar no tema), Thomaz não é sujeito de ficar preso no passado.

E o Autoramas vive, mais uma vez, uma nova fase. Depois do baque da saída dos antigos integrante­s antes de gravar O Futuro dos Autoramas, de 2016, e mudar a formação novamente, o grupo se fixou agora com Thomaz, Érika Martins, Jairo Fajer e Fábio Lima e lança o álbum Libido (selo Hearts Bleed Blue). Lançado nesta sexta, 20, o trabalho é um álbum de resistênci­a: de Thomaz, em manter a banda em funcioname­nto; do “faça você mesmo”; do rock de garagem, sujo, como deve ser; e do Autoramas, cujo tempo na estrada não impediu a banda de manter a juventude estética e sonora.

“Mas meus amigos de escola, quando me encontram, dizem: ‘olha você, o eterno jovenzinho’”, ele diz, e ri. “E digo: ‘pô, cola lá no nosso show’”. E se os colegas “estão todos barrigudos”, como ele brinca, Thomaz vive a intensidad­e do Autoramas, banda conhecida pelas extensas turnês pelo Brasil e exterior. O que Libido mostra também é uma banda que usa o tempo em atividade a seu favor. São velozes e enérgicos como sempre, mas técnicos e consciente­s disso como nunca. “É interessan­te manter essa juventude. A gente que tem a referência dos anos 1960, conhece a tal juventude transviada, dos jovens de uma geração pós-guerra, James Dean, corridas de carro”, diz. “Nós (Autoramas) somos transviado­s pra caramba!”

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PAULO AGUIAR Renovados. Com nova formação, banda volta a morar em SP

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