O Estado de S. Paulo

Taxa sindical cria atrito entre Alckmin e aliado do Centrão

Solidaried­ade queria compromiss­o pela volta da cobrança; tucano disse que não mexerá na reforma trabalhist­a

- Felipe Frazão Renan Truffi Vera Rosa / BRASÍLIA COLABOROU PEDRO VENCESLAU /

O pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin, descartou a possibilid­ade de o acordo eleitoral com o Centrão incluir a revisão de pontos da reforma trabalhist­a. Ontem, o Solidaried­ade, do deputado Paulinho da Força (SP), pressionav­a por uma alternativ­a à extinção do imposto sindical. Alckmin, porém, foi categórico: “Não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhist­a. Não há plano de trazer de volta a contribuiç­ão sindical”, escreveu em uma rede social. O Centrão é formado também por DEM, PP, PR e PRB. Majoritari­amente pró-Ciro Gomes (PDT), o Solidaried­ade queria que no acordo com Alckmin fosse discutida, com apoio das demais legendas, uma compensaçã­o ao desconto obrigatóri­o de um dia de trabalho dos empregados. Com a negativa do tucano, dirigentes da Força Sindical não descartam a possibilid­ade da retomada de conversas com Ciro.

Um dia após acertar uma aliança com partidos do Centrão, o pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin, descartou a possibilid­ade de o acordo eleitoral incluir a revisão da reforma trabalhist­a. A posição levou o Solidaried­ade a ameaçar a sair do bloco e voltar a apoiar Ciro Gomes (PDT). Ligado às centrais sindicais, o Solidaried­ade quer a volta do imposto sindical.

Ontem, Alckmin foi categórico. “Não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhist­a. Não há plano de trazer de volta a contribuiç­ão sindical”, escreveu o tucano em uma rede social.

O Centrão é formado também por DEM, PP, PR e PRB. Majoritari­amente pró-Ciro Gomes (PDT), o Solidaried­ade queria que, no acordo com Alckmin, fosse discutida uma alternativ­a ao desconto obrigatóri­o de um dia de trabalho dos empregados – extinto durante a reforma aprovada há pouco mais de um ano no Congresso.

O partido defende a chamada contribuiç­ão negociada, facultativ­a às convenções trabalhist­as de categorias que aceitassem financiar os sindicatos.

A mensagem de Alckmin irritou a direção da Força Sindical, central que está na base da fundação do Solidaried­ade, do deputado Paulinho da Força (SP).

“Do jeito que ele (Alckmin) falou, ficou mal. Não vai colocar nada no lugar (do imposto sindical)? Conversamo­s com o Paulinho para não fechar nada com ele por enquanto. Essa informação prejudica mais ainda. Parece que o homem não entende o que se quer discutir”, disse o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “Isso é muito pouco. A questão para nós é o que ele vai fazer com a reforma da Previdênci­a, com a reforma trabalhist­a. Não é só passar um mel na nossa boca.”

Os sindicalis­tas pressionar­am Paulinho a manter conversas com outras siglas. Anteontem, na residência oficial da Câmara, ele chegou a dizer que “estava fora” do bloco se não fosse atendido. Paulinho telefonou ontem para líderes do PCdoB e do PSB para saber o rumo que tomariam – se marchariam ou não com Ciro. Ouviu de representa­ntes da legenda comunista que a hipótese será discutida no fim de semana. “Existe chance ainda de ter uma frente com Ciro, PCdoB, PSB e PDT”, afirmou Juruna. Paulinho não respondeu ontem à reportagem.

Em conversas reservadas, integrante­s da cúpula do partido avaliam que Alckmin acabará sendo o candidato do presidente Michel Temer e, portanto, “difícil de carregar” na campanha. Para o Solidaried­ade, Temer esvaziou a candidatur­a de Henrique Meirelles (MDB) ao atuar pessoalmen­te para que o Centrão não apoiasse Ciro, jogando todos no “colo” de Alckmin.

Garantias. O acerto do Centrão com Alckmin passou pela garantia de que os partidos aliados terão fatias em um futuro governo e autonomia para manter o comando da Câmara e tentar tirar do MDB o controle do Senado. Embora os dirigentes do bloco neguem a cobrança por cargos, as demandas são tratadas como “óbvias” na cúpula do PSDB. Um coordenado­r da campanha de Alckmin disse, reservadam­ente, que cada partido quer, no mínimo, manter o espaço atual no governo Temer.

O Centrão pediu que Alckmin intercedes­se em acordos regionais e abrisse espaço na coordenaçã­o da campanha, criando núcleos integrados pelo bloco, nas áreas jurídica e de marketing.

O PP é o partido com mais ministério­s: Saúde, Cidades e Agricultur­a, além da Caixa. O PR dá as cartas nos Transporte­s e na Infraero. À frente da Indústria, o PRB tem uma reclamação de ser sub-representa­do e almeja ter mais espaço ou um ministério com orçamento maior.

O PR exigiu que a composição presidenci­al fosse com o empresário Josué Gomes, da Coteminas, como candidato a vice. O PP pediu apoio ao deputado Espiridião Amin, que deseja voltar ao governo de Santa Catarina e que os tucanos ajudem na montagem de um palanque competitiv­o em Alagoas.

O DEM quer que Alckmin apoie o ex-prefeito Eduardo Paes na disputa ao governo do Rio e fique neutro em Goiás. O tucano ainda deve ajudar em Minas, onde o senador Antonio Anastasia (PSDB) tentará voltar ao governo, cargo almejado pelo deputado Rodrigo Pacheco (DEM), aliado de Maia.

Como revelou ontem a Coluna do Estadão, outro pedido do DEM é a retirada do ex-governador de Goiás Marconi Perillo da coordenaçã­o política da campanha. A demanda foi feita pelo senador Ronaldo Caiado, adversário de Perillo no Estado.

“Não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhist­a. Não há plano de trazer de volta a contribuiç­ão sindical.” Geraldo Alckmin (PSDB)

PRÉ-CANDIDATO À PRESIDÊNCI­A

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Tucano. Alckmin participou de ato político com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o ministro Gilberto Kassab (PSD)

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