O Estado de S. Paulo

Importânci­a do horário eleitoral tende a ser menor

- Daniel Bramatti

Se confirmar a aliança com o PSD, o PTB e os partidos do chamado Centrão, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) terá o maior tempo de rádio e TV entre os candidatos a presidente: cerca de 4 minutos e 40 segundos em cada bloco de propaganda no horário eleitoral fixo, segundo estimativa do Estadão Dados. Isso equivale a 38% do tempo total, aproximada­mente.

Obviamente, o tucano terá uma vantagem em relação à concorrênc­ia. Mas há fatores que limitam a importânci­a da conquista. Para começar, em comparação com eleições anteriores, o horário eleitoral neste ano vai começar mais tarde e terminar mais cedo: a duração cairá de 45 para 35 dias.

A exposição na TV também costuma ter impacto maior para candidatos pouco conhecidos – não é o caso de Alckmin, que está na política há décadas e até já disputou uma eleição presidenci­al, em 2006.

Dados do Ibope mostram que a audiência das emissoras de TV desaba assim que começa o horário eleitoral. Em um cenário de extremo desgaste da classe política, como o atual, é provável que esse fenômeno se aprofunde.

Por fim, há que se considerar a expansão da internet e das redes sociais nos últimos quatro anos – o que também reduz, em comparação com 2014, a importânci­a relativa da campanha no chamado palanque eletrônico.

Em eleições anteriores, cálculos do Estadão Dados mostraram forte correlação entre a porcentage­m do tempo de TV de um candidato e a parcela dos votos obtidos. Mas é perigoso ver causalidad­e aí: políticos com mais tempo eram os que tinham as campanhas mais ricas.

Se não conquistar apoio de outros partidos, Jair Bolsonaro (PSL) terá tempo de televisão de candidato “nanico” – 1% do total. Mas ele pode compensar essa desvantage­m se mantiver grande visibilida­de nas redes sociais. O tempo dirá.

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