O Estado de S. Paulo

Com ‘efeito Alckmin’, Bolsa sobe e dólar cai

Aproximaçã­o dos partidos do chamado Centrão de pré-candidatur­a tucana e cenário externo empolgam investidor; Ibovespa sobe 1,4%

- / SIMONE CAVALCANTI, PAULA DIAS e DOUGLAS GAVRAS Análise. Alckmin joga com o regulament­o

O mercado financeiro recebeu com entusiasmo a sinalizaçã­o de apoio dos partidos do chamado Centrão à candidatur­a do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidênci­a. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou ontem com alta de 1,40%, aos 78.571,29 pontos – o maior nível desde junho. Já o dólar à vista teve uma queda de 1,7%, e encerrou o dia cotado a R$ 3,7768, menor patamar em quase um mês.

Faltando pouco mais de dois meses para o primeiro turno das eleições, líderes de DEM, PP, PRB, PR e Solidaried­ade sinalizara­m que os partidos apoiariam a chapa de Alckmin na disputa eleitoral, o que somaria minutos preciosos ao tempo de propaganda na TV do tucano.

O cenário político nebuloso

José Luis Oreiro

que o Brasil atravessa e o freio na recuperaçã­o econômica – já com expectativ­as de cresciment­o menores para este ano – preocupam o investidor. Como o exgovernad­or de São Paulo é considerad­o pelo mercado um dos presidenci­áveis mais alinhados à agenda de reformas, um fortalecim­ento da sua candidatur­a empolga o setor financeiro.

Os partidos do Centrão chegaram a flertar com o ex-ministro Ciro Gomes, candidato da centro-esquerda pelo PDT e com um discurso que agrada menos o mercado, por ser considerad­o heterodoxo e oposto à agenda de reformas do governo Michel Temer.

As altas das ações das estatais ajudaram no desempenho positivo da Bolsa ontem. Essas empresas, além de terem grande valor de mercado, funcionam como um termômetro do ambiente político do País. No pregão de ontem, os papéis da Petrobrás fecharam em alta de 4,84% (PN) e 2,54% (ON). Já os da Eletrobrás subiram 5,63% e 4,92% ON e PNB, respectiva­mente. O destaque foi o Banco do Brasil, com alta de 5,3%. Outubro. “A Bolsa reagiu principalm­ente ao efeito Alckmin. O mercado gostou do fortalecim­ento do tucano na disputa eleitoral. Há duas semanas, todo mundo dizia que a candidatur­a dele era inviável. Ele pode ter cerca de 40% do tempo de TV, é preciso ver se isso se reflete em votos”, diz José Luis Oreiro, professor da Universida­de de Brasília (UnB).

“Esse otimismo se justifica menos pela figura do ex-governador em si e mais pelo que ele representa: a continuida­de das reformas do governo Temer, embora não esteja claro que tipo de reformas o futuro presidente vai poder fazer”, diz.

A percepção é que a Bolsa e o câmbio vão ficar instáveis ao longo dos próximos meses, conforme a aproximaçã­o das eleições. O otimismo com a candidatur­a de Alckmin, dizem, poderá ser rapidament­e revertido, caso o tucano não avance nas próximas pesquisas eleitorais.

Para o economista-chefe da Spinelli, André Perfeito, a semana termina com perspectiv­as melhores para a centro-direita, mas é preciso esperar os próximos desdobrame­ntos para ver. “Além de o apoio do centrão não necessaria­mente se traduzir em votos, é preciso saber o preço da aliança, o quanto Alckmin teria de diluir as reformas para manter esse apoio.”

Na avaliação de analistas ouvidos pelo Estado, grande parte do comportame­nto do mercado ontem se justifica pelo cenário eleitoral favorável a Geraldo Alckmin, mas também pesa o cenário exterior. Lá fora, uma declaração do presidente americano, Donald Trump, criticando a alta de juros no país, impactou na queda do dólar.

O cenário externo também contribuiu para a queda do dólar, uma vez que a moeda americana se enfraquece­u ante divisas fortes e emergentes, ainda como reflexo das manifestaç­ões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump contra as altas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

“O mercado financeiro gostou do fortalecim­ento da candidatur­a do tucano. Há duas semanas, todo mundo dizia que a candidatur­a de Geraldo Alckmin era inviável. Agora, ele pode ter cerca de 40% do tempo de TV, só é preciso ver se isso irá se refletir em votos.”

ECONOMISTA DA UNB

 ??  ??
 ?? NA WEB ?? estadao.com.br/e/centrao
NA WEB estadao.com.br/e/centrao

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil