O Estado de S. Paulo

Ex-membros das Farc assumem vagas no Congresso colombiano

Os 5 senadores e 5 deputados foram indicados como parte do acordo que pôs fim a meio século de conflito

- BOGOTÁ

Usando terno e gravata e carregando vários projetos de lei para apresentar ao Congresso, exguerrilh­eiros das Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc) assumiram ontem suas vagas na Câmara e no Senado. A inédita presença dos dez membros do partido político Força Alternativ­a Revolucion­ária do Comum (Farc), indicados congressis­tas graças ao acordo de paz firmado em novembro de 2016, marca o início de sessões do Legislativ­o eleito em 11 de março.

O partido terá uma representa­ção minoritári­a no Congresso, que legislará por quatro anos, dominado pela direita ligada ao presidente eleito Iván Duque, contrário ao acordo de paz que pôs fim a meio século de conflito armado.

“Aqui estão, pela primeira vez, cinco senadores e cinco deputados do partido Farc, nascido da desmobiliz­ação e do desarmamen­to das Farc”, disse o presidente Juan Manuel Santos, que deixará o poder, durante a instalação do Legislativ­o.

Os primeiros a chegar ao Congresso foram Carlos Antonio Lozada e Sandra Ramírez, eleitos senadores, e Jairo Quintero, Luis Alberto Albán, Byron Yepes, Olmedo Ruiz e Sergio Marín, que assumiram seus assentos na Câmara.

Para a bancada da Farc no Senado também foram designados Pablo Catatumbo, Victoria Sandino e Benkos Biohó – em substituiç­ão a Iván Márquez, número 2 da antiga guerrilha e negociador do diálogo de paz, que desistiu de assumir seu assento.

Márquez preferiu se estabelece­r com outros ex-guerrilhei­ros na zona rural de Miravalle, no Departamen­to de Caquetá, em protesto pela prisão de seu companheir­o Jesús Santrich, alvo de um pedido de extradição da Justiça americana, que o acusa de conspirar para enviar drogas aos EUA. Santrich, que tinha sido indicado pela Farc para a Câmara, também não assumirá sua vaga por estar preso e será substituíd­o por Marín.

Pelo acordo de paz, a Farc tinha direito de indicar cinco senadores e cinco deputados durante dois mandatos, independen­temente do número de votos que obtenham nas eleições legislativ­as. A bancada da Farc pretende apresentar projetos de lei como o de reajuste anual de aposentado­rias e atenção prioritári­a à primeira infância.

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DIANA SANCHEZ/AFP Nova fase. Ex-guerrilhei­ros terão mandato de 4 anos

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