O Estado de S. Paulo

‘Tênis brasileiro ainda não existe’, diz Guga

- Felipe Rosa Mendes

Encabeçand­o projetos de investimen­to no tênis, Gustavo Kuerten afirmou ontem que a modalidade ainda está em criação no Brasil, com raras iniciativa­s que podem sustentar o esporte a longo prazo. “O tênis brasileiro não existe ainda, existe somente os jogadores”, declarou o tricampeão de Roland Garros, em São Paulo, onde divulga seus projetos para ajudar a desenvolve­r a modalidade no País.

Ao comentar sobre a situação atual do esporte no Brasil, Guga afirmou que ainda não há um cenário da modalidade no País. “Só no Rio Open deste ano caiu a minha ficha. Não existe um cenário brasileiro, um ciclo. Falta tênis no Brasil. Existe só os jogadores. Quando falamos de tênis do País, falamos apenas de personagen­s. ‘Ah, o Guga parou, o Meligeni ali, o Thomaz está em fase ruim’. Ainda não conseguimo­s produzir uma geração de tenistas”, afirmou.

Por isso, o ex-número 1 do mundo decidiu se dedicar nos últimos anos à formação de uma base de jovens tenistas. “Temos de falar é da pretensão de montar uma base. Se não, vamos ficar falando de caso a caso. E é meio irracional falar de personagen­s, o tênis brasileiro não pode ser isso. Temos que falar de dez Thomaz, dez Thiagos. De uma condição que o Brasil pode se dedicar a construir, que é um top 10, por exemplo.”

Formação. Para Guga, os profission­ais da atualidade, como Thomaz Bellucci, Thiago Monteiro e Rogério Dutra Silva, precisam ser mais valorizado­s, por não terem recebido uma estrutura mais favorável para sua formação – no momento, o trio está fora do Top 100 do ranking.

“Qualquer ranking que eles tiverem, tem que agradecer. Eles estão lá sozinhos por livre e espontânea força. Se eles estiverem no circuito por uns dez anos, já estão contribuin­do para o tênis brasileiro. Muitas crianças estão vendo eles jogar e isso acaba promovendo o nosso tênis”, disse Guga.

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