O Estado de S. Paulo

Prévia da inflação tem maior alta para julho

IPCA-15 acelera 0,64%, o maior patamar para o mês desde 2004; alta, no entanto, é mais baixa que a de junho

- Daniela Amorim / RIO Maria Regina Silva / SÃO PAULO

Após o repique de preços em junho provocado pela crise de desabastec­imento causada pela greve de caminhonei­ros, a prévia da inflação oficial desacelero­u em julho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,64%, resultado inferior ao 1,11% registrado em junho, mas ainda a taxa mais elevada para o mês desde 2004. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

O desempenho surpreende­u positivame­nte, situando-se no piso das estimativa­s dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam uma inflação média de 0,73%. A taxa acumulada em 12 meses subiu um pouco acima do centro da meta estipulada pelo governo, aos 4,53%, mas a avaliação de economista­s é que o cenário inflacioná­rio não preocupa.

A taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer em 6,50%, caso não ocorra nenhuma pressão cambial forte tampouco um resultado fora do esperado nas eleições para a Presidênci­a da República, aposta a economista-chefe da Icatu Vanguarda, Ana Flávia Oliveira. Ela acredita que os impactos da desvaloriz­ação do real ante o dólar sobre a inflação devem ser mitigados pela economia fraca.

“A ociosidade tende a prepondera­r. Claro que tudo isso pode ser jogado fora se houver um descontrol­e do câmbio e um resultado inesperado da eleição”, ponderou Oliveira. O quadro de inflação baixa reforça a manutenção da taxa Selic no patamar atual até pelo menos o segundo semestre do ano que vem, quando pode haver espaço para alguma elevação, avaliou o economista Leonardo França Costa, da consultori­a Rosenberg Associados.

A maior pressão sobre a inflação de julho partiu da conta de luz. A tarifa de energia elétrica ficou ainda mais cara, com uma alta de 6,77%, após já ter subido 5,44% em junho. As tarifas aéreas tiveram um salto de 45,05%. Já os combustíve­is tiveram redução de preços. As famílias também pagaram menos por alimentos como a batata-inglesa, tomate e cebola .

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