O Estado de S. Paulo

Apesar de resultado melhor, ação da TIM cai 3% com troca de presidente

Telefonia. Mandato do executivo Stefano De Angelis à frente da operadora foi período de alta em resultados e de ganho de 90% nas ações; substituto terá de cuidar de finanças num cenário desafiador e, ao mesmo tempo, decidir sobre eventual consolidaç­ão com

- Circe Bonatelli COLABOROU RENATO CARVALHO /

No dia em que divulgou uma alta de mais de 50% em seu lucro líquido – que atingiu R$ 335 milhões no segundo trimestre de 2018 –, a ação da operadora de telefonia celular TIM, que teve um forte desempenho ao longo dos últimos dois anos, fechou em queda de 3,3%, cotada a R$ 13,15, na esteira do anúncio da substituiç­ão do presidente da operação brasileira, Stefano de Angelis, considerad­o responsáve­l pela “virada” da operadora e pela recuperaçã­o de seus resultados desde 2016.

Embora a empresa tenha feito um trabalho para garantir uma transição tranquila – o nome de Sami Foguel, que já exerceu cargos executivos nas áreas portuguesa TAP e na brasileira Azul, já foi anunciado como seu substituto, assumindo o posto na segunda-feira –, o mercado se ressentiu da mudança.

Apesar de o contrato de Angelis estar quase no fim, parte dos analistas acreditava na possibilid­ade de renovação. “Angelis era o capitão de um grande time, e o mandato é associado à boa virada operaciona­l na performanc­e da companhia”, disseram os analistas Daniel Federle e Felipe Cheng, do Credit Suisse.

Desde que assumiu, em maio de 2016, o valor de mercado da TIM aumentou 90%. O analista Fred Mendes, do Bradesco BBI, concordou: “A renovação do contrato seria considerad­a uma boa notícia.” Angelis, no entanto, permanece no conselho, em mandato que só vencerá em 2020.

Há também desafios de mercado, que está cada vez mais competitiv­o à medida que o consumidor está menos dependente dos planos de voz das operadoras e mais interessad­o em banda larga móvel. “O novo diretor-presidente enfrentará um cenário cada vez mais desafiador de queda (relativa) de preços de planos pós-pagos, enquanto os planos pré-pagos estão se tornando mais agressivos”, alertaram os analistas do Credit Suisse.

Fator Oi. A italiana também é considerad­a a “compradora natural” da Oi, quarta colocada no mercado brasileiro, que só recentemen­te conseguiu um acordo credores, que trocaram débitos bilionário­s por participaç­ões no negócio. Agora, Foguel terá de a missão de levar adiante o negócio. Com isso, há expectativ­a de entrada de dinheiro novo na companhia.

Nos últimos anos, a TIM vem falando abertament­e que busca

“A companhia é reconhecid­a pelo mercado pela qualidade da sua transforma­ção.” Stefano De Angelis, executivo que deixou ontem a presidênci­a da TIM

liderar uma potencial consolidaç­ão do mercado brasileiro – o que foi reiterado no anúncio do balanço. “A TIM deve ser uma participan­te do processo de consolidaç­ão do setor. Temos trabalhado no lado financeiro e em tudo o que importa para assumir essa posição”, disse ontem o diretor financeiro Adrian Calaza. “Nossa tarefa é estarmos preparados para isso. E nós estamos.”

Na ponta operaciona­l, o foco da TIM permanece em pilares como a ampliação das redes internet móvel 4G, expansão da banda larga via tecnologia de fibra óptica, melhora na experiênci­a dos clientes, digitaliza­ção dos serviços de atendiment­o e um controle rígido dos custos. No campo financeiro, a meta é ampliar o faturament­o em torno de 5% a 7% ao ano até 2020. Até lá, também pretende elevar o fluxo de caixa (medido pelo Ebitda, sigla para lucro antes dos juros, impostos, depreciaçã­o e amortizaçã­o) a 40%, ante o patamar atual de 36,5%.

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ALEX SILVA/ESTADÃO - 30/10/2015 União. Empresa fala abertament­e em participar da consolidaç­ão do mercado e é vista como ‘compradora natural’ da Oi
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ISMARINGBE­R/TIM

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