A Bastilha pode ruir
Nos próximos meses assistiremos à grande luta entre contendores de categorias completamente diferentes. E essa luta definirá o que será do Brasil neste século. De um lado, o establishment político, que conta com todo o tempo da propaganda oficial na TV e no rádio e com os bilhões de dinheiro público do Fundo Partidário. Isso sem mencionar a ajuda do caixa 2 e de outros métodos escusos de arrecadação, que é para manter a tradição. De outro lado, a revolta do povo brasileiro contra os maiores casos de corrupção do planeta. A mídia deste segundo grupo é a internet. As velhas raposas, por sua vez, depositam seu pescoço no poder do marketing, das mídias tradicionais e de suas estruturas. E confiam plenamente em que, como sempre, conseguirão tapear o eleitor e vender-lhe gato por lebre novamente – como reza o dito popular, “mulher de malandro gosta, mesmo, é de apanhar”. Provavelmente conseguirão. É no que apostam quase todos os candidatos que maciçamente se aliaram ao primeiro grupo. Mas a revolta dos que não estão dispostos a votar em criminosos é tanta que eles podem quebrar a cara. Como isso é possível? Porque este segundo grupo de eleitores representa dois terços dos brasileiros. E está muito bem informado a respeito da pouca-vergonha que os donos de Brasília têm aprontado e que continuam pretendendo aprontar no futuro. Convencê-los pode não ser tão fácil. E, se o ministro Dias Toffoli, na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), vier com decisões criativas no período, como se espera, então haverá uma explosão de motivos para que a Bastilha caia. Do jeito que está não dá mais.
JORGE A. NURKIN jorge.nurkin@gmail.com
São Paulo