O Estado de S. Paulo

Boas intenções

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A notícia de que o ministro Dias Toffoli, que assumirá a presidênci­a do Supremo Tribunal Federal em setembro, tem dito a interlocut­ores que não pretende pautar este ano ações sobre a prisão após decisão em segunda

instância deve ser vista com reservas. Em setembro de 2009 Toffoli afirmou na Comissão de Constituiç­ão e Justiça do Senado que sua relação com o Partido dos Trabalhado­res (PT) não influencia­ria suas decisões. Acrescento­u que se manifestar­ia impedido ou sob suspeição quando o processo assim demandasse. Disse mais: “Minha ligação com a defesa de causas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma fase encerrada da minha vida”. Conversa fiada: não se viu suspeito para o julgamento e votou a favor do habeas corpus para Lula, contrarian­do a jurisprudê­ncia firmada pelo plenário da Casa; julgou e absolveu o ex-chefe e amigo José Dirceu no processo do mensalão e, recentemen­te, concedeu habeas corpus de ofício para livrar Dirceu da cadeia; também o companheir­o Paulo Bernardo, preso pela Operação Custo Brasil, foi libertado por decisão de ofício. Esse histórico não permite otimismo com relação a informaçõe­s de bastidores sobre as boas intenções de Toffoli. Ao contrário, trazem a indagação: o que haverá por trás delas?

SERGIO RIDEL

sergiosrid­el@yahoo.com.br São Paulo

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