O Estado de S. Paulo

Associaçõe­s querem ‘deseleger’ quem traiu

Objetivo é se vingar de parlamenta­res que votaram no Congresso contra os interesses dos servidores públicos

- / A.F. e I.T.

A articulaçã­o política das principais categorias de servidores mira as eleições de outubro. Mesmo sem poderem pôr dinheiro diretament­e na campanha dos candidatos preferidos, as entidades sindicais e associaçõe­s ligadas ao funcionali­smo público trabalham para garantir a eleição de políticos patrocinad­ores das suas propostas e aumentar o poder de pressão até 2022.

As lideranças dos servidores não escondem essa movimentaç­ão, e a expectativ­a é de que o Congresso que sairá das próximas eleições tenha uma participaç­ão ainda maior de apoiadores do funcionali­smo. A pauta de combate à proposta de reforma da Previdênci­a, que deve voltar à agenda no próximo governo, está fortalecen­do a articulaçã­o numa ação preventiva.

O secretário-geral da Confederaç­ão dos Trabalhado­res do Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, reconhece que os servidores se articulam para repensar os votos da última eleição e “deseleger” quem votou contra os interesses do funcionali­smo. “Faremos recomendaç­ão a todas as nossas bases que marquem cerrado todos os parlamenta­res que votaram a favor da terceiriza­ção, teto de gastos e votariam a favor da Previdênci­a. Dizemos que está chegando a hora do acerto de contas com eles”, afirma.

Mentira. Há, no entanto, parlamenta­res que alegam não terem sentido o apoio prometido pelo funcionali­smo. “Eles mentem muito. A classe toda diz que vai votar em você e nem vota. Uma classe diz que vai conseguir 20 mil votos para você e te dá dois mil”, afirma o deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), ligado aos auditores da Receita Federal. Para o presidente da Associação Nacional dos Procurador­es da República (ANPR), o procurador José Robalinho, o “governo exagera essa força do lobby”. “Se isso fosse verdade, não estava há cinco anos sem reajuste salarial. Não houve lobby que impedisse a reforma de 2003 (previdênci­a pública).”

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DIDA SAMPAIO / ESTADÃO –11/07/2018 Protesto. Entidades pressionam por reajustes salariais

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