Sobre o que Donald Trump e Vladimir Putin falaram a sós?
Ninguém sabe o que Donald Trump e Vladimir Putin acertaram na conversa de 90 minutos a sós em Helsinque na semana passada – exceto os intérpretes. Até o final da semana, os diplomatas americanos continuavam no escuro, sem ter ideia do que ambos haviam tratado. Democratas consideravam até convocar a intérprete Marina Gross para depor no Congresso, tamanho o mal-estar suscitado.
O silêncio do Departamento de Estado foi rompido pela Casa Branca, ao desmentir que Trump poderia permitir a policiais russos interrogar o ex-embaixador em Moscou Michael McFaul. Alvo de propaganda difamatória de Putin, McFaul esteve envolvido na imposição de sanções a oligarcas russos, sob o incentivo do investidor Bill Browder (uma espécie de inimigo número um de Putin). Browder e as sanções foram temas de contatos de russos com a campanha de Trump, segundo as investigações.
Talvez, o namoro Trump-Putin tenha explicação mais simples. “Não foi um encontro de adversários. Foi um encontro de aliados, com interesses convergentes e objetivos comuns”, diz Robert Kagan, da Brookings Institution. Eles têm a mesma visão nacionalista, desejam enfraquecer as mesmas instituições (Otan e UE), apoiam os mesmos partidos europeus de extrema direita, o Brexit e tudo aquilo que desafie a ordem liberal do pós-Guerra.
Para Putin, isso importa mais que Síria, Ucrânia, Browder ou McFaul. É uma agenda contrária à da diplomacia americana, mas apoiada com entusiasmo por Trump.